segunda-feira, dezembro 10, 2007

"HÁ MOSQUITOS QUE TÊM DE SER AFASTADOS DA VIDA PÚBLICA"







Ao contrário do habitual, farei um desvio nos temas das minhas crónicas para comentar uma frase do presidente da câmara de Alcobaça (Dr. Gonçalves Sapinho) merecedora de observação, porque, como crítico que sou em relação às políticas daquele elenco camarário, sinto-me atingido por ela, em virtude de me sentir incluído no grupo a quem ele se referia. O presidente da Câmara de Alcobaça não se destaca pelo seu temperamento democrático para com quem discorde dele, não admite outra voz que não seja a sua, tem horror ao silêncio e, se não se ouve falar a si mesmo, deixa de existir. Um caso muito comum e típico na politica de certas pessoas “construídas” na tirania, nomeadamente na América Latina.

Em Alcobaça impera o medo das pessoas se expressarem livremente, facto que é compreensível se tivermos em linha de conta que a terra padece daquilo que em gíria sociológica, ou mesmo antropológica se designa por “espírito de freguesia” ou “conspiração do adro”. Uma realidade bem enquadra nas características físicas e culturais de certas pessoas de Alcobaça.

As ciências sociais e humanas, tal como a investigação, têm como objectivo tornar mais compreensível o meio em que se vive, e cabe ao investigador ajudar a descobri-lo. O investigador que vive nesse meio ou conhecendo-o, toma uma moderada distância e dá um passo atrás para poder examinar melhor as atitudes, os discursos e as suas práticas, e mede as forças que se encontram na sua estrutura social. Um trabalho que é meticuloso e paciente e, quando é generoso, ajuda a entender as categorias, aspectos e raízes que impulsionam as acção de uma comunidade. Como estudo ou opinião, dão a mediação critica que apoia a compreensão do quotidiano mais imediato, no sentido de poder melhorá-lo ou corrigi-lo.

No entanto a acção quotidiana e o discurso político ou institucional que a conduzem são habitualmente hostis à atitude reflexiva. Aquelas impõem-se pela demagogia, o espectáculo ou o efeito, para criar suposições, sem olhar a custos ou sem investigar causas e efeitos, como é norma em sociedades pouco evoluídas que sobrevivem de subsídios ou fundos, quase como caridade externa. Nestes casos a acção quotidiana e o discurso normativo assentam no protagonismo de um patriarca que, por norma é, nos meios pequenos, um inculto e um “saloio deslumbrado”, como dá a entender ser o presidente da câmara de Alcobaça, pelas atitudes que o têm caracterizado. Mente sistematicamente, como foi acusado por um presidente de junta e afirmado em jornais locais. Não declarou os impostos durante sete anos e desculpou-se dizendo que foi para umas termas. Chama “talibans” aos turistas que visitam Alcobaça. Gasta o dobro dos dinheiros e compromete o futuro do concelho numa “reconfiguração urbanística”. Gabou-se que dorme nas viagens de trabalho. Não se preocupou com a população, no sentido de a defender na eventual passagem do TGV por terras do concelho e, ainda é grosseiro no trato para com aqueles que o contrapõem, como expressa o título deste texto decalcado de uma sua afirmação publicada no Região de Cister 2/11/2007.
Neste aspecto, os jornais de Alcobaça são verdadeiras fontes para entender o espírito tacanho que governa o Concelho, pois parece que, quanto mais ignorantes são alguns dos políticos locais (em Alcobaça estas palavras são sinónimas), mais eles gostam de sair nas páginas da imprensa local dando corpo àquilo que em gíria se define pelo “jet set provinciano”...
Talvez seja por isso que o discurso sossegado e paciente, ou a informação elaborada, se convertem numa necessidade que tem, no entanto, o inconveniente de causar amargos de boca a este fenómeno social que são os políticos do calibre do Dr. Sapinho e quem o sustenta. Os propósitos do Dr. Sapinho são apenas poder, sem base ideológica ou politica, sem escala de valores ou ética que lhe dê sentido, conteúdo e transcendência. Como no ditado popular que refere “entra mosca ou sai asneira”, com este político, cada vez que abre a boca, “sai asneira e saem mosquitos”. Artigo publicado no Jornal de Leiria em 6.12.2007


Lamenta-se que o presidente da Câmara de Alcobaça chame nomes aqueles que discordam das suas ideias e praticas politicas e afirme que os críticos têm de ser AFASTADOS DA VIDA PUBLICA. Creio que nem Hugo Chaves ou Putin, só para dar estes exemplos, ousariam ser tão primários ou terem a veleidade de afirmações semelhantes. Uma vez mais se demonstra o tipo de pessoa a quem o concelho esta entregue bem como o seu genuíno nível INTELECTUAL, CULTURAL E MORAL... O nível deste politico do PSD e também das figurinhas de papel do mesmo partido que o “coadjuvam” no governo do concelho e no sustento destas afirmações.