quarta-feira, outubro 31, 2007

1 E 2 DE NOVEMBRO

Desde os alvores da humanidade, o ser humano construiu à volta do fenómeno da morte, uma enorme trama de suposições que a converteram em tabu. É a partir delas que o seu poder se revela e nenhum é tão avassalador e omnipresente como o da morte. Esta consciência está em nós, vive à nossa volta Todos temos presente que tarde ou cedo, de uma forma ou de outra temos de morrer; as únicas questões são saber o dia e hora. Prisioneiros entre esta realidade e o desejo de obter a imortalidade encontramo-nos num terreno propício à angústia, ao desespero e à solidão e, ao mesmo tempo, num espaço privilegiado onde as raízes das religiões, crenças e superstições se formam e alimentam para explicar tudo. No entanto a morte nunca deixou de ser um fenómeno biológico, como o nascimento, a puberdade ou o envelhecimento. Mesmo assim, criaram-se vários modos de considerá-la e lidar com ela, revelando-nos que os nossos arreigados costumes não nos vêm dados pela natureza e que podíamos mudá-los se quiséssemos.

A morte proporcionou a criação de linguagens próprias, gerando cada uma delas valores e comportamentos que estruturam muitas das nossas representações mas sobretudo na forma como vemos a vida. Se a secularização da sociedade relegou a morte para um plano secundário, a estetização do mundo contemporâneo, ligado à expansão das indústrias dos audiovisuais, mediáticas e à iconização exaustiva do mundo, fizeram dela um espectáculo constante onde é apresentada em todas as variantes, individuais, colectivas e violentas. Nela a guerra, a saúde, a ética continuam a ser marcantes tal como no passado. Reflectir sobre a morte continua, na sociedade actual, a ser um rico filão em termos de significados, e em temos estéticos. Porque ao contrário dos animais para quem a morte é uma circunstância natural e cujo cadáver se transforma em coisa, para o ser humano a morte é um problema, um drama estranho e difícil: o seu corpo deixa de ser algo vivo mas não se transforma em coisa. Ainda por cima e até hoje, nenhuma filosofia conseguiu libertar a humanidade dos temores da morte. Nem a crença no Além, nem a recompensa da fama, nem a prolongamento do falecido nos seus filhos são ou foram um consolo suficiente para o momento final.

Considerada como a nossa primeira experiência metafísica, a morte foi ao mesmo tempo estética e religiosa pelo enigma que terá representado aos olhos dos nossos primeiros antepassados, o “espectáculo” da transformação de um ser em “gelatina anónima”. O surgimento da arte ou da imagem está associada à morte. E nas sepulturas serviu como meio tranquilizador para enfrentar o medo ao vazio e ao estado de impessoalidade ou de nada em que se transforma o ser com a morte. Servindo ainda como meio de representação e de comunicação entre o visível e o invisível, entre o temido e o tranquilizador. Cumprindo uma função mediadora e de contacto entre duas realidades opostas: unir presentes ao ausente.

A sociedade tecnológica em que vivemos não sabe que fazer com os mortos; enquanto nas aldeias ainda existe alguma convivência com eles; nas cidades o morto evita-se e a morte burocratizou-se. Ela é espelho da vivência urbana. Numa sociedade que se move à volta de uma organização socioeconómica, onde os únicos valores são o êxito, a produção e o lucro, o culto da morte não tem razão de existir. Mesmo assim um enorme “complot” foi estruturado para a sobrevivência do tabu onde até a Igreja entra nesta macabra cadência, ao substituir o nome de Extrema Unção pelo de Santa Unção como em tempos não muito pretéritos. Da boa morte passou-se à morte bela, e da secularização aos secularismos invasores; é o desafecto total à religião. O Além vai perdendo espaço em favor do Aquém mas paradoxalmente em cada 1 de Novembro os cemitérios enchem-se de flores como símbolo deste culto.
António Delgado In Jornal de Leiria. Edição de 1 de Novembro de 2007 e ver António Delgado in " Estetica de la muerte en Portugal"

PS. Aconselho uma excelente postagem do Jorge Casal , cujo tema é associada ao dia de Todos os Santos.

segunda-feira, outubro 29, 2007

"QUEM NÃO CONFIA NÃO É DE CONFIANÇA" ditado popular

Estatísticas: Portugueses são dos povos mais desconfiados e menos cívicos do Ocidente


25 de Outubro de 2007, 06:30
Por Sérgio Soares, da agência Lusa
Lisboa, 25 Out (Lusa) - Os portugueses são o povo mais desconfiado da Europa Ocidental e ocupam a 25ª posição entre 26 países num estudo da OCDE destinado a medir a amplitude da desconfiança e falta de civismo dos diferentes povos recenseados.
Os estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da "World Values Survey", citados no novo livro "A Sociedade da Desconfiança, por dois economistas franceses do Centro para a Pesquisa Económica e suas Aplicações (CEPREMAP), demonstram que esta "ausência de confiança generalizada nos outros e nas instituições é mensurável e afecta a economia e a sociedade em geral" em todos os países avaliados.
Os portugueses são, em média, os europeus mais desconfiados, à frente dos franceses (24º lugar) e da maioria dos outros povos desenvolvidos, de acordo com uma outra sondagem realizada entre 1990 e 2000 pela «World Values Survey» que inclui os países membros da OCDE, nomeadamente EUA, Japão, Austrália e Canadá. No último lugar, imediatamente depois de Portugal, apenas os turcos conseguem ser ainda mais desconfiados.
Em resposta à pergunta "Regra geral, pensa que é possível confiar nos outros ou acha que a desconfiança nunca é suficiente?", os portugueses ficaram no último lugar, com menos de 18 por cento a responderem afirmativamente. Os franceses situam-se imediatamente a seguir em termos de desconfiança média relativamente aos demais e às instituições.
No outro extremo, 66 por cento dos suecos e 60 por cento dos dinamarqueses admitem por regra confiar nas outras pessoas e nas suas instituições.
Numa comparação entre pessoas com o mesmo nível escolar, sexo, situação familiar, religião e orientação política, face aos noruegueses que ocupam o primeiro lugar relativo aos que mais confiam, os portugueses só ficam à frente da França, Hungria, Turquia e Grécia.
O economista e professor universitário Mira Amaral disse à agência Lusa "não ter ficado surpreendido" com estas estatísticas. Para o antigo ministro da Indústria do primeiro governo de Aníbal Cavaco Silva, a desconfiança "afecta, obviamente, a economia" e indicia incapacidade das pessoas para trabalharem com outras em rede.
"A desconfiança mostra que não acreditamos nas outras pessoas e no País, e quando uma pessoa não confia no seu país não investe", sublinhou, acrescentando que os portugueses "são pouco liberais e muito estatistas".
Opinião semelhante tem o economista António Nogueira Leite para quem "a desconfiança social afecta, sem dúvida nenhuma, a competitividade" ao criar entropias que complicam as relações económicas e por implicarem o "falhanço de alternativas" válidas.
"É um indicador importante", afirmou, referindo-se às estatísticas recolhidas nestes estudos.
O também economista e professor universitário João César das Neves, embora só concorde em termos gerais, afirma-se "surpreendido" com a colocação de Portugal porque, apesar dos portugueses serem um "povo muito desconfiado há pior na Europa".
Graças aos franceses que, em regra, se situam nos estudos citados quase sempre pior colocados, os portugueses são os menos cívicos e apenas ultrapassados por mexicanos e franceses, ocupando também a terceira posição entre os povos que acham legítimo receber apoios estatais indevidos (baixas por doença, subsídios de desemprego etc.), adquirir bens roubados (14º lugar para os portugueses contra 20º lugar dos franceses) ou aceitar luvas no exercício das suas funções (12º lugar para os portugueses e 21º lugar para os franceses).
Para Mira Amaral, estas estatísticas tornam evidente também o problema do Estado providência que não suporta indefinidamente os abusos de pessoas sem escrúpulos que recebem apoios sociais indevidos através de métodos fraudulentos, por exemplo para conseguirem baixas médicas.
"Este comportamento não é atávico" nos portugueses, no sentido de que não possa ser remediado, mas é "uma grande pecha", afirma.
A maioria dos inquiridos nos estudos da OCDE e no livro diz, contudo, condenar a falta de civismo, qualquer que seja o país considerado. No entanto, os habitantes dos países nórdicos e anglo-saxónicos são maioritários em relação aos do Mediterrâneo ao considerarem que tais actos nunca se justificam.
Os autores dos diferentes estudos chegam à conclusão que a falta de civismo é transversal a todas as sociedades e não apenas às pessoas com menor nível escolar.
De acordo com o comportamento registado entre os diplomatas de 146 países nas Nações Unidas e nos consulados em Nova Iorque, no que respeita ao cumprimento das regras de trânsito, constata-se que entre 1997 e 2005 os diplomatas portugueses foram os que mais infracções cometeram mas beneficiando de imunidade, entre os ocidentais (68º lugar), bastante pior situados do que os espanhóis (52º) e só à frente dos franceses (78º).
Na longa lista de estatísticas sobre comportamento, o das empresas portuguesas no estrangeiro são as que menos envergonham ao situarem-se a meio da tabela, no 15º lugar, entre as que menos tentativas fazem para corromper nos mercados onde se instalam.
Segue-se uma lista decrescente integrada pela França, Espanha, EUA, Bélgica, Holanda, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Áustria, Austrália, Suécia e Suiça.
As empresas que mais tentativas de corrupção fazem são as da Índia, China, Rússia, Turquia, Taiwan, Malásia, África do Sul, Brasil, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Itália, Israel, Hong Kong, e México.
Para quase 20 por cento dos portugueses e franceses "para se chegar ao topo, é necessário ser corrupto".
Neste aspecto, Mira Amaral faz questão de explicar que existem duas motivações. Uma assente na inveja dos que não suportam ver alguém triunfar e outra dimensão baseada na convicção justificada do povo de que a classe política, através de esquemas, promoções e "amiguismo", consegue obter mais privilégios do que os devidos.
"A promiscuidade entre grupos económicos e políticos leva as pessoas a terem alguma razão nessa sua desconfiança", constata Mira Amaral.
"Hoje em dia, não se é premiado por se ter tido uma boa carreira mas por amiguismo", sublinha o antigo governante que confirma ter constatado inúmeras vezes este fenómeno e o ter sofrido na pele.
O antigo ministro reconhece que "há um grande tráfico de influências e de amiguismo" que favorece indevidamente os círculos que disso beneficiam.
Belgas, franceses, italianos e portugueses são os povos europeus que menos confiam na sua administração da justiça, contra os dinamarqueses que ocupam o 1º lugar entre os que mais confiança depositam no respectivo sistema judicial.
Curiosamente, os portugueses são dos que mais confiam no seu parlamento (9º lugar), apenas atrás da Suíça, Espanha, Áustria, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Holanda e Noruega, e ocupam paradoxalmente o mesmo lugar no "ranking" dos que mais confiam nos sindicatos, apesar das elevadas taxas de desvinculação sindical.
Os mexicanos, seguidos dos turcos, checos, gregos e franceses são os que declaram não ter "nenhuma confiança" nos respectivos parlamentos.
No seu livro "A Sociedade da Desconfiança", Yann Algan e Pierre Cahuc consideram que a origem da desconfiança se baseia no corporativismo e no estatismo. Essa mistura criou em vários países um "círculo vicioso de desconfiança e de disfunções do modelo económico e social", liquidando a bandeira do universalismo que alguns povos gostam de apresentar.
O estudo dos dois economistas franceses revela que, se não existisse uma desconfiança tão elevada em relação às outras pessoas e às instituições (governo, parlamento, sindicatos), em média por habitante, os portugueses teriam aumentado em 18 por cento os seus rendimentos médios entre os anos 2000 e 2003 com efeitos idênticos sobre o PIB.
João César das Neves considera que a desconfiança é "sem dúvida" um elemento importante para a dinâmica económica mas que ela é, antes de mais, uma "terrível influência para a vida social e o equilíbrio pessoal e familiar". Para este economista, o efeito sobre o crescimento ainda é o menos importante.
Os autores do estudo dizem relativamente à França, citando os principais líderes políticos, entre os quais Francois Bayrou, que o país vive a "mais grave crise da sua história recente, e que esta é uma crise de confiança" nas instituições e nos diferentes órgãos do Estado.
Mira Amaral concorda e considera que, "genericamente, as estatísticas apresentadas também estão de acordo com as características dos portugueses como povo".
João César das Neves acha que esse elemento é importante mas secundário, sublinhando mais o facto de vivermos numa época de transição social, com enorme transformação das instituições, hábitos e costumes e a consequente crise cultural, que é particularmente visível na Europa.
"Além disso, a tradicional tendência portuguesa para a violação das regras também tem efeitos, junto com a má qualidade da classe política", destaca.
Pouco optimista, afirma que a desconfiança tem flutuado ligeiramente com as crises económicas e políticas. "Estamos hoje melhor que há três anos, mas pior que há dez. Mas trata-se de pequenas alterações à volta de um nível baixo", conclui.
O velho ditado com "um olho no burro e outro no cigano" parece continuar a guiar o comportamento quotidiano dos portugueses.
SRS.
Lusa/fim
( http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/EVfkRu9tdosxOzbGTJ7O1w.html)

domingo, outubro 21, 2007

"CLICHES" DA NOSSA REPÚBLICA

( legenda do cartaz: DESPERTEM CHEIRA A FACHISMO)

A vida politica portuguesa vai dando sérios sinais de perturbação, em termos de liberdades. Agora é o PGR quem afirma ter duvidas se o seu telefone não esta em escuta e a Ordem dos Advogados já reagiu. Estas afirmações não passariam de curiosidade se em paralelo não estivessem acompanhadas com outras relidades que em meu parecer são extremecedoras e parecem ultrapassar a razoabilidade num Estado Democrático .


De um bom amigo recebi este mail que reproduzo com a sua devida autorização.


"Gostava de ter visto a cara do (ainda) ministro Santos Silva ao ter que ouvir esta dedicatória do jornalista precário João Pacheco, feita com grande coragem e dignidade, que (ainda) não foi alvo de qualquer queixa judicial ou alvo de processo disciplinar.
O “precariado” é a nova classe de trabalhadores criada pelos governos que se alternam e eternizam no poder PS-PSD/CDS, tal como o protagonizaram no estertor da monarquia e no advento da República, os então Partidos Democrático e Regenerador.
A prática política deste sistema alternante cavou “masmorras” aos mais pobres face aos mais ricos, diz o INE.
Neste indicador e em índices de pobreza somos infelizmente os primeiros na Europa.
Uma vergonha que nos envergonha e responsabiliza a todos, enquanto cidadãos.
O escândalo da distribuição da riqueza e o índice de pobreza no nosso País são uma vergonha nacional. E um ultraje à República
".




No passado dia 25 de Setembro, decorreu no Convento do Carmo, em Lisboa, a entrega dos Prémios Gazeta, do Clube de Jornalistas. Nesta cerimónia, presidida pelo Presidente da República, João Pacheco foi um dos premiados, tendo proferido um discurso que louvamos
e que é apresentado de seguida.

"Obrigado. Obrigado à minha família. Obrigado aos jornalistas Alexandra Lucas Coelho, David Lopes Ramos, Dulce Neto e Rosa Ruela. Obrigado a quem já conhece "O almoço ilegal está na mesa", "A caça à pedra maneirinha" e "Guardadores de sementes".

Parabéns aos repórteres fotográficos Nuno Ferreira Santos e Rui Gaudêncio, Co-autores das três reportagens, com quem vou partilhar o prémio monetário. Parabéns também ao Jacinto Godinho, ao Manuel António Pina e à «Mais Alentejo», que me deixam ainda mais orgulhoso por estar aqui hoje.

Como trabalhador precário que sou, deu-me um gozo especial receber o prémio Gazeta Revelação 2006, do Clube dos Jornalistas. A minha
parte do dinheiro servirá para pagar dívidas à Segurança Social. Parece-me que é um fim nobre.

Não sei se é costume dedicar-se este tipo de prémios a alguém, mas vou dedicá-lo: A todos os jornalistas precários.

Passado um ano da publicação destas reportagens, após quase três anos de trabalho como jornalista, continuo a não ter qualquer contrato. Não tenho rendimento fixo, nem direito a férias, nem protecção na doença nem quaisquer direitos caso venha a ter filhos.

Se a minha situação fosse uma excepção, não seria grave. Mas como é generalizada - no jornalismo e em quase todas as áreas profissionais - o que está em causa é a democracia.
E no caso específico do jornalismo, está em risco a liberdade de imprensa.

Obrigado, João Pacheco"




Todo o comentário educado e bem disposto é muito bem vindo.

quinta-feira, outubro 18, 2007

REFLEXÃO


O prazer é uma canção de liberdade, não é a liberdade.
É o florescer de vossos desejos, mas não o seu fruto.
É uma chamada da profundidade para a altura, mas não é o profundo nem o alto.
É o enjaulado que experimenta as asas, mas não é o espaço confinado.
Ai! Em verdade verdadeira, o prazer é uma canção de liberdade.
E eu desejaria, que a cantásseis com plenitude de coração, mas que não perdêsseis o coração no canto.
Khalil Gibrán in Obras selectas. Edicomunicación,s.a. 1999

segunda-feira, outubro 15, 2007

CURIOSIDADE DE SÁBADO


Este fim-de-semana, os jornais portugueses continuaram a dar atenção à eleição de Luís Filipe Meneses, para secretário geral do PSD. Retive o artigo de Vasco Pulido Valente, no Público, de sábado e dele reproduzo um excerto:

Ninguém sabe, ou se atreve a prever (...) o que vai sair do congresso (...) um ponto parece mais do que adquirido: PSD de Menezes não irá chamar ou depender das “luminárias” da academia ou dos “negócios”, sem experiência ou convicções (excepto a do seu direito de governar) e sem sombra de currículo partidário. Para bem ou para mal ( há quem ache que para muito mal), O PSD ficará nas mãos de uma personagem do “pós-cavaquismo”: o operador politico profissional, criado no aparelho, educado nas guerras labirínticas do poder local e pouco inclinado ao sentimento de reverencia. Nem Sócrates nem Cavaco irão ter uma vida tranquila.”

Passeando pelo semanário o Sol, vi , na página 4 o titulo “ Menezes ao ataque” e no canto inferior direito, uma caixa de cor “amarelada”, com uma noticia, cujo o titulo era “ PS e Governo Preocupados”. Transcrevo também um excerto mas com incidência nas afirmações de Manuel Alegre:

“ Elogiando a vitória de Luís Filipe Menezes como “saudável do ponto de vista democrático”, Manuel Alegre considera que é “um sinal” e “ exprime uma vontade de mudança no país a que o governo deve de estar atento”. Em declarações ao Sol, o ex- candidato presidencial vê na reviravolta interna do PSD “ uma vontade de mudança que vem de fora para dentro”. “ O PS devia de perceber que aquela mudança um estado de espírito que não é só interno, não é só do PSD”, avisa. Alegre deixa um conselho a José Sócrates. “ Eu não subestimaria o dr. Menezes. O dr. Mário Soares subestimou Cavaco Silva, em 1985, quando ganhou na Figueira da Foz, e depois enganou-se”. No governo, as preocupações de Alegre são partilhadas por quase todos”.

Estas observações oriundas de duas pessoas tão diferentes e ao que parece, desavindas uma com a outra, estranharam-me pela semelhança nas conclusões e fiquei a pensar...

... depois de tanta gente denegrir Luis Filipe Menezes, dar-se-á o caso de ele vir mesmo animar a vida politica ?

Boa Semana

segunda-feira, outubro 08, 2007

OS MONGES E AS MONJAS REGRESSAM A ALCOBAÇA


S. Bernardo e a Virgem. Pintura de autoria de Josefa de Ayala (Óbidos), aproximadamente 1660 -1670
pintura a Óleo sobre tela

"Esta boa pintura da maturidade Joséfiana, procedente acaso do Mosteiro de Alcobaça, para onde se sabe que a artista trabalhou, representa a nossa senhora, coroada, com o menino no regaço, ampla capa azul celeste segura nas abas dois anjinhos alados, espremendo o seio direito e aleitando S. Bernardo, que em actitude de veneração ocupa a metade inferior esquerda da composição. " in Josefa de Óbidos e o Tempo Barroco. Catálogo de Exposição. Ministério da Cultura



Foi você que pediu o regresso dos Monges de Císter a Alcobaça?


Juro que alguém se lembrou de pedir encarecida e humildemente ao Senhor Presidente da Câmara que intercedesse, possivelmente, junto do papa e da ordem de Cister para que os monges regressem a Alcobaça (noticia do jornal Alcoa e com eco no Blog Do Portugal Profundo) . Dito e feito. Já chegaram. Aqui estão os novos monges a beber da tradição medieval...




Rico filão. Farta mama, a tradição. A satisfação dos novos monges é a prova de que os alcobacenses, com o Dr. Sapinho, podem viver de arcaísmos parolos e de mitologias labregas.

ANTONIO ARNAUT RECEBE PRÉMIO CORINO DE ANDRADE



António Arnaut um dos fundares do PS, socialistas e republicano convicto, um homem que preza e ama a liberdade além de cultivar o humanismo. No sábado (6/10/2007) deu uma entrevista ao Diário de Noticias, motivada pelo prémio Corino de Andrade com o qual foi recentemente agraciado. Exponho três respostas a igual número de perguntas que exercerem sobre mim admiração e às quais faço uma vénia. O entrevistador João Fonseca e perguntou-lhe o seguinte:

Deixou a advocacia e tem vindo a dedicar-se à escrita, mas a justiça em Portugal também o preocupa?

Preocupa-me sobretudo uma certa irresponsabilidade e laxismo de todos os agentes judiciários (juízes, Ministério Público, advogados e funcionários), que não compreendem que a justiça é a pedra axial de um Estado de direito. Preocupa-me a demora excessiva na resolução de pleitos, que, por vezes, resulta da irresponsabilidade daqueles agentes. Se a justiça não é administrada em tempo útil deixa de o ser. É um mal antigo, mas nunca atingiu proporções como agora.

Justiça e Saúde estão doentes?

Ambas padecem de males profundos, mas o sistema de justiça sofre de doenças mais graves

Está desencantado com Governo?

O Comportamento do Governo socialista não está a cumprir a sua responsabilidade histórica.
in DN. 6.10.2007 (contra capa).

Sendo a justiça uma pedra basilar na organização e formação de um Estado, como pode este funcionar, quando ela não é aplicada? Como pode um país evoluir economicamente se a justiça não funciona e não dá garantias aos inversores? Como se sentirá um cidadão num Estado onde a justiça só está ao serviço das oligarquias?

A caricatura da Justiça foi retirada do blog amigo o ZÉ POVINHO ...espero que me perdoe!

A TODOS E TODAS DESEJOS DE UMA EXCELENTE SEMANA.

quarta-feira, outubro 03, 2007

ACESSOS A W.C.s PÚBLICOS.



Em Julho vimos como o Chichi e Obrar estavam associados ao desenvolvimento local e como Alcobaça se mantinha na linha da frente em termos turísticos, devido à sua peculiar forma de receber forasteiros, que alguns designavam-nos mesmo por talibãs. Voltamos às políticas do chichi e do obrar, para ver o percurso, marcado a azul e que terá de fazer quem tenha necessidades fisiológicas, desde as escadarias do mosteiro aos WC públicos. Os vídeos mostram parte das barreiras arquitectónicas ao longo do trajecto, num percurso mais parecido a uma prova de perícia física igual às dos concursos da TV. Só depois de estas serem exercitadas num espaço compreendido entre, 50 a 70 m, o cidadão poderá aceder ao local onde irá encontrar o tão almejado sítio para o seu alívio.

Um percurso de mais ou menos 50 a 70 metros em linha recta e a céu aberto. Imaginem igualmente o mesmo trajecto para pessoas com handicaps (idosos, deficientes motores, cegos, pessoas em cadeiras de rodas, mães com carrinhos de bebés).

Pela concepção das obras estas parecem querer dizer: “se as pessoas têm handicaps, o problema é delas, não os tenham e quem tem dificuldades que fique em casa. Os idosos devem é de estar sentadinhos e sossegados a verem televisão. Aí, sim, estarão bem. A rua é para pessoas de corpos Danone e não para pessoas com problemas físicos. Onde se viu pessoas em cadeiras de rodas, cegos ou outros deficientes andarem por aí a passear? Alcobaça terra de espírito fradesco - alguns querem que os frades voltem - só não querem é pessoas com handicaps. XÔ fora daqui esta terra é cristã só aceitamos os perfeitos, apesar de haver envelhecimento da população !”. Esta será talvez a mensagem que se pode extrair das deficiências que esta obra tem e que parece ser o retrato fiel de muita gente nesta terra. O retrato de um arquitecto que projectou a obra e do presidente da Câmara que aprovou semelhante concepção. Infringindo as leis do direito urbano em pontos tão elementares, como negar o acesso aos cidadãos de usufruírem de pleno direito em termos de igualdade o espaço público. MAIS UM EXCELENTE CARTAZ PARA ALCOBAÇA, de como ela é pensada com primor.