quinta-feira, dezembro 03, 2009

NOTAS SOBRE CORRUPÇÃO


Apesar do muito que se escreve sobre corrupção e suas formas, é estranho que quase ninguém faça propostas para limitá-la. Quase tudo não passa de ajustes éticos e alertas para a elite política, é mais ou menos como pedir por favor ao ladrão que não roube.
Este assunto, tão paradoxal como anormal, encerra curiosidades estranhas como esta: está na mão dos afectados a capacidade de mudar as normas. Que possibilidade tem a sociedade civil de actuar contra os arrojos desta nova casta pro-feudal (cheia de rendas sem trabalho e prebendas), que passa de um cargo ao outro sem problemas, independentemente das capacidades técnicas ou conhecimentos? Como?
- Apenas pelo voto.
Entretanto trocam sorrisos entre si, com uma cumplicidade doentia, quando se encontram nas inúmeras inaugurações, congressos, contubérnios ou saraus sufragados com o dinheiro de todos.
Eu proponho não votar futuramente (estou farto desta patranha estúpida que diz se não votas não crês ou não podes participar na democracia) até que um partido inclua no seu programa quatro propostas:

Listas abertas (votamos nas pessoas não nos partidos);

Um máximo de permanência em qualquer lugar eleito, de 8 anos, eventualmente 12 (não à politica entendida como profissão vitalícia);

Declaração de bens antes e depois da passagem por qualquer cargo político (ninguém deve enriquecer ilicitamente com o dinheiro público);

Aumento das penas que o código prescreve para esta área.

PS. Acabamos de assistir a um conjunto de eleições: Europeias, Assembleia da República e Autárquicas. Todas foram atravessadas por sonoros casos de corrupção. Uns silenciaram-se, outros mantiveram-se e novos surgiram. Reparei, como muitas pessoas, que nos programas para as eleições autárquicas de Alcobaça, nenhum partido ou movimento cívico apresentou uma única linha ou ideia sobre o assunto. Mas para quê?

Tudo é lícito, ninguém tem veleidades para financiar campanhas eleitorais e receber benesses políticas e negócios privilegiados com a Câmara. Não há venda de terrenos ao município nem este os compra a nenhum militante do partido que governa. Ninguém exerceu cargos políticos renumerados noutras paragens, sendo eleito por Alcobaça. Necessitados a esse ponto não existem. A elevação é a maior característica de boa parte dos políticos locais e de quem os aconselha. Não há censuras, nem se persegue ninguém em Alcobaça pelas suas ideias. Nas grandes decisões os vereadores votaram sempre de consciência, nunca a granel ou pelo próprio interesse. Até porque se houvesse corrupção política haveria sempre alguém solidário, nos bons e maus momentos com a Câmara.