quarta-feira, abril 23, 2008

25 de ABRIL... SEMPRE!


O texto que vão ler foi escrito há dez anos em Itália quando estive a viver, um largo periodo, fora de Portugal. Certo conteúdo tem um tempo histórico por isso agradeço a vossa compreensão. Como ideia foi publicado no Jornal Região de Cister em 1998, na coluna ECOS E COMENTÁRIOS. Hoje recordo-o no blog que passou a ter a designação da antiga coluna de opinião num dia de importância maior para os portugueses: o 25 de Abril mas também a memória do general Humberto Delgado a quem todos os Alcobacenses se vão orgulhar para sempre de o terem acolhido na sua terra.


Tive conhecimento da sentença da câmara dos lordes, sobre o caso de Pinochet no quarto de um hotel onde me encontrava e onde acabei por escrever esta missiva. Para meu contentamento, e para o de milhões de almas em todo o mundo, os ditadores, tiranos e assassinos de Estado, a partir de (25/11/98) muito terão que pensar antes de sair do seu couto, onde impunemente exercem com deleite os seus prazeres de carnificina; os seus colaboradores estão igualmente abrangidos por este direito para bem da humanidade.
Ao ouvir a noticia lembrei-me do triste caso português da ditadura de Salazar e o assassino de Humberto Delgado e sua secretária. Espero que esta lufada de ar fresco, que representa a decisão do supremo tribunal inglês para a ordem jurídica internacional sobre quem pratique crimes contra a humanidade e os direitos humanos, como genocídio, terrorismo, assassinato, tortura e sequestro, seja pretexto para que a todos os oprimidos se lhes seja feita justiça e reconhecida a sua liberdade e o direito de expressarem a sua cidadania, sem temores de qualquer espécie, contra todo o tipo de ditadura religiosa, politica ou as duas em conluio.
Por outra parte que ela seja o caminho aberto para a extradição por parte de Espanha para Portugal do agente da P.I.D.E., e assassino, Rosa Casaco, onde goza de todos os direitos de liberdade. Este a pesar de não ser ditador era o responsável de uma estrutura que os apoiava por isso é igualmente imputado de praticar assassínio, sequestro, terrorismo, e crimes contra os direitos humanos, que cometeu em Portugal e fora, contra a esperança de milhões de portugueses e da sua liberdade. Este sujeito, é responsável pela desolação, dor e angustia, infligidas a um povo e cujas consequências ainda hoje são difíceis de aquilatar. Mas mais difíceis de esquecer para quem sobretudo as sofreu directamente. Faço votos para que a imprensa regional e sobretudo este jornal seja sempre arauto desta questão enquanto necessária, e de todas aquelas relacionadas com a justiça direitos e liberdades das gentes da região de Alcobaça, Nazaré, e de qualquer lugar onde tenham necessidade de expressão.
Faço igualmente votos para que os alcobacenses em colectivo dêem mostras cívicas a favor da extradição de Rosa Casaco, para ser devolvido ao país, e para apoiarem a justiça para que julgue um assassino que matou um sonho de Portugal e um dos filhos adoptivos mais queridos que Alcobaça se orgulha de ter.
Neste sentido dirijo-me também à câmara e seu presidente, que como representante máximo do povo alcobacenses, inicie este processo, para a defesa da memória deste filho adoptivo da terra, não só à luz do novo direito internacional que se perfila, mas também por ser uma questão que a história pede, a democracia exige, e os afectados imploram, especialmente os familiares, mas também todos aqueles que pertencem à família democrática como o povo da região de Alcobaça. Que os partidos locais se unam em força, nesta questão porque o assunto é supra partidário e diz respeito às liberdades de todos. Que o cidadão Arnaldo Rebelo que por coincidência é deputado leve o caso à Assembleia da Republica mas que não partidarize o assunto. Na minha qualidade de simples cidadão, fica desde já expresso publicamente o meu apoio a esta causa humana.



Recordo igualmente, neste dia, outro exemplo para a nossa vida em comum: O Júlio Sebastião. Este homem destacou-se na luta pelos interesses da região Oeste e sobretudo dos seus agricultores. A ele se deve entre outras coisas a isenção de pagamento de Portagens na A.8 em toda essa região, por achar que seria a via que tornaria menos oneroso o escoamento dos produtos dessa região, especialmente os agrícolas. Este cidadão simples que era também agricultor, acabou por falecer ingloriamente num estranho acidente de trabalho. Para que a sua memória perdure, bem como a luz do seu exemplo , seria da maior justiça a zona do Oeste homenagear este homem , pelo que fez em prol da região da qual era um dos seus genuínos filhos.