sábado, agosto 14, 2010

TURISMO: cidades aprazíveis e lugares





Pela Europa abrem caminho as cidades aprazíveis e cómodas para o visitante. Os turistas urbanos dispostos a desfrutar de um grande fim-de-semana, cada dia são mais e pedem discrição. Há um novo tipo de visitante que busca uma cidade agradável na que se sinta como em sua casa e possa descansar de rotinas e encontrar um programa sociocultural que o satisfaça. Nesse sentido, as cidades voltaram a reivindicar a rua como espaço para a criatividade e a emancipação cívica, do mesmo modo que a dimensão política e social dos espaços públicos foi colocada no centro das discussões.
Quem acompanha o fenómeno da revitalização das cidades verifica como estas têm ampliado a sua oferta com novos museus, melhores restaurantes, novos hotéis, festivais variados aos quais se unem salas para teatro, auditórios e um forte impulso dado à gastronomia, às compras e obviamente a hotéis. A oferta de um valor diferenciador permite às cidades competir e, neste ponto, as tecnologias da informação e os serviços complementares são importantes para integrar uma cidade atractiva em conveniência num espaço de procura global.
Muitas das cidades médias na Europa protagonizaram, nos últimos anos, a sua própria revolução urbana e social, tendo em conta que um dos problemas maiores no espaço europeu passa pelo stress dos seus cidadãos. É por ele que o turista procura lugares relaxantes e cómodos, premiando aquelas cidades ou lugares que ofereçam maior índice de felicidade, melhor gastronomia e melhor qualidade de vida.
A maturidade da oferta e o enfraquecimento da procura tradicional aconselham assumir com mais rigor a necessidade de adicionar à oferta tradicional novas realidades que minimizem a vulnerabilidade do turismo frente às variações dos visitantes de rendas mais baixa. Melhorar a qualidade dos estabelecimentos hoteleiros e extra-hoteleiros estender as tecnologias da informação e serviços complementares são exigências básicas, como é o cuidado com o meio ambiente, para que este não seja uma realidade descurada, como recentemente se verificou com as algas em S. Pedro de Moel. Mas também é importante a atenção ao urbanístico. No distrito é lamentável como boa parte das cidades vilas e aldeias apresentam espaços urbanos degradados e nalguns casos em processo acelerado de desertificação. Pode-se encontrar as razões do facto na falta de visão e na insustentabilidade das políticas adoptadas pelos partidos e por estes gerarem “políticos” insensíveis e mal preparados, que ainda vão formar a sociedade civil com níveis de exigência baixos, amestradas segundo fórmulas como gerem a coisa pública.
Apenas com ponderação, ideias novas e orientações precisas, o mercado turístico na região poderá ampliar a sua limitada oferta, assente na praia e no turismo religioso, preterindo o valor da história e da cultura como realidades turísticas mais abrangentes e efectivas que seduzam clientes cujas preferências não sejam exclusivamente as de bronzearem-se a preços baixos em praias de águas geladas, perigosas, nalguns casos pouco vigiadas senão poluídas.
Como reparo, subestima-se por aqui que o actual turista é uma pessoa informada e independente e deixou de ser um simples consumidor de receitas concebidas em exclusivo para ela. O novo turista deseja experimentar com os próprios do local, os costumes, as actividades locais, associar-se aos eventos culturais... Por isso chega sem a mediação das agências de viagens, mas trás informação detalhada do lugar: compra bilhetes de avião, comboio, camioneta, reserva dos hotéis, das entradas de espectáculos e dos monumentos pela internet.
Neste sentido, há um enorme trabalho a fazer em torno das potencialidades da Web para a difusão dos produtos e das peculiaridades da região. São necessárias estratégicas mais competitivas, longe das contempladas nos planos das aferições compensatórias para os municípios do oeste pela não construção do aeroporto da Ota. Sobretudo estratégias criativas.
Deve-se favorecer uma melhoria na qualidade e variedade da oferta, contemplando as terras mais afastadas do litoral que atraiam turistas com um gasto médio mais elevado. Há realidades que o sector turístico e as autoridades envolvidas deverão equacionar para tratar de elevar os ingressos na região como uma importante fonte da sua balança de pagamentos, mas também na necessidade selectiva das entradas, compatíveis com o cuidado do meio para a própria sustentabilidade dessa galinha que ovos de ouro que é o turismo para um região que se pretende de excelência. António Delgado in Jornal de Leiria 12/8/2010