sábado, maio 30, 2009

SOBRE O NOME DE ALCOBAÇA (Recordando)



Alguns autores esforçaram-se para demonstrar que o nome de Alcobaça provem do latim, do árabe ou do hebreu e também pela junção do nome dos dois rios que convergem na povoação. Nunca percebi porque é que o mesmo exercício intelectual não se faz ao contrário: derivar o nome dos rios do nome do lugar.

O curioso destas teorias é que elas só conseguem justificação a partir de uma tabela linguística da qual apenas faz parte o latim o hebraico e o árabe, que são as línguas das três religiões monoteístas que se disputaram na península ibérica. Este aspecto é suficiente para entender que a explicação do nome de Alcobaça está condicionado por aspectos ideológicos. Mas existe outro detalhe curioso para juntar ao anterior, que é estas explicações surgirem apenas de fontes religiosas e registadas num tempo em que o catolicismo dominava a comunicação e recolhia ou inventava estas teorias, retirando-as das outras culturas que ia suprimindo. Deste modo nenhuma outra lhe fazia frente e o caminho estava livre para reivindicar a sua tutoria moral e cientifica sobre as consciências humanas, já que possuía o monopólio do saber.

Clarificada a estratégia, ou separado o “trigo do joio”, podemos verificador que a ideia de derivar destas línguas o nome de Alcobaça, tem ainda a intenção de fazer crer aos menos avisados, que só se falou nesta região depois da chegada daqueles idiomas, ou que o lugar não era habitado, ou então levar o leitor a pensar que os antigos habitantes da actual região de Alcobaça viviam na mais completa mudez. Destas ideias ao messianismo ou à soteriologia vai um passo.

O mais estranho é que esta forma de pensar obscurantista e que pretendia esterilizar os canais do conhecimento ainda hoje persiste e é registada com o maior ar de ciência pelos chamados investigadores de caneta ligeira ou então pelos oníristas, como na gíria sociológica se designam certos licenciados em historias ou mesmo em letras.

O estudo da origem do nome de Alcobaça, vincula-se com a linguística, uma ciência que é pouco ou nada experimental e pouco aberta a estudos comparativos, e que só raras vezes admite outras matrizes além da latinista. Ao escolher falar da origem do nome de Alcobaça não me move a intenção de revelar uma teoria nova sobre o assunto, até porque penso que saber a origem do nome de Aalcobaça é como procurar o “rasto do voo de uma ave no céu”. É intenção mostrar que o problema está envolto por questões ideológicas e paradoxos que o limitaram e o que se tem afirmado é fácil de refutar, sobretudo as explicações sobre uma origem árabe.

Vejamos num pequeno exemplo como se deturpa a realidade e como num mesmo autor se podem encontrar contradições. No Livro “ Mappa de Portugal”. do padre João Bautista de Castro. Editado em Lisboa na Offic. De Miguel Manescal da Costa, Impressor do Santo Officcio. Anno de M.DCC. XLV. Encontramos a seguinte informação sobre os rios que passam na povoação.

Alcôa. Corre pelas terras de Alcobaça, a qual deve a este rio a origem do seu nome ( Pag. 142 op.cit.)

Baça. Este rio, junta-se com outro chamado Côa, nasce da parte oriental de Alcobaça, e fazendo volta para ocidente, rega por grande espaço os fertilissimos campos da Mayorca, e Abbadia, até que junto da villa da Pederneira se mergulha no Oceano.(Idem. Pag. 150 e ss.).

Se acatamos estas informações vemos que rio Alcoa mudou de nome para Côa oito páginas adiante quando o autor descreve o rio Baça. Ou então este geógrafo revela-nos que um rio se sumiu da superfície da terra naquela região, pois não se deu conta do erro que cometeu. O erro deste padre é típico da ciência que se caracteriza pelo método boca à orelha e pelo saber do NÃO SEI... OUVI DIZER!

Apesar da contradição este religioso testemunha-nos que a ideia de derivar o nome de Alcobaça do nome dos rios já vem de longe.

A designação de Côa é corrente, em manuscritos, livros e documentos oficiais a partir do século XVII. Ainda no século passado era assim que se designava nas actas da câmara. A versão arabista de nomear Alcôa em vez de Côa, foi uma opção que a cultura local terá assimilado recentemente e julgamos que as duas formas de identificar um mesmo rio coexistiram desde tempos mais arcaicos, talvez pela influência dos mouros que terão ficado depois da reconquista. Um aspecto que a história local omite ou desconhece intoxicada e fechada que está no mosteiro nos conventos, nos frades e monjas. Boa maneira de distrair e desviar do mais importante. A verdadeira história de Alcobaça continua por conhecer.

Vejamos como seria o nome de Alcobaça se houvesse respeito à construção desta palavra pelo nome dos rios. Se à palavra Côa juntamos Baça, obtemos Coabaça. Como o linguarejar é dinâmico e procura o menor esforço na articulação dos sons, é possível que esta palavra sofresse uma corrupção linguista e com o tempo passaria a pronunciar-se Cobaça, Cubaça , Cabaça ou Quebaça.
Como o Al não existe na designação original, e em árabe é o artigo definido o ou a, teríamos a verdadeiro designação da terra por o ou a Cobaça, Cubaça, Cabaça, Quebaça! Sabem o que significa qualquer uma destas palavras?

Já repararam existe outro rio em Portugal que se chama Côa, e que nas suas margens se fizeram descobertas arqueológicas, o que provocou que o partido do actual governo transformasse o projecto de uma barragem em parque temático. Estas gravuras rupestres foram recentemente classificadas pela Unesco. Sabem que as margens do rio Côa, na nossa terra, à semelhança do Côa no Norte, também têm lugares arqueológicos onde se encontraram vestígios de antigos "Alcobacenses” que habitaram a região? Os tais que viviam na mudez! Ou sabem que esses lugares estão recenseados como dos primeiros núcleos de população que praticou a agricultura em Portugal? Imaginem que a palavra Côa fazia parte de uma língua muito arcaica da que se perdeu a memória e da qual subsistem palavras que são as designações de determinados lugares. Esta antiga língua era anterior ao hebraico, ao árabe e ao latim, que depois de colonizada e misturada com aquelas deu o actual crioulo que é o Português. Pensem nisto... Mas não comentem com certos latinólogos, nem certos arqueólogos porque parecem que ainda são muito misoneístas.
Ps. Este artigo foi publicado num dos jornais locais no ano de 1998 se a memória não me falha.

terça-feira, maio 26, 2009

POLITICOS: FALTA DE HORIZONTES LABORAIS



Do mesmo modo que nos escandalizamos com notícias sobre ilegalidades de natureza económica, ficamos frios e impassíveis com a fraude política que é a mais frequente.
A lei portuguesa obriga os partidos políticos a apresentar listas ao Parlamento Europeu, à Assembleia da República e às eleições autárquicas.Se esta é a regra, porque é que a composição das listas é sempre um momento tenso e de confrontação interna nos partidos?
Formar listas é a ocasião para medir forças entre as facções existentes. Há militantes apoiados por certos dirigentes que preferem arriscar " a matar" o partido ou debilitar o seu espaço de acção a criarem consensos, no sentido de ser uma força política unida e ganhadora, mas sem a predominância deles próprios. Impõem nomes desconhecidos e sem relevo nas comunidades.
Determinados aspirantes são apenas peões de guerras pessoais, fomentadas no interior das concelhias e estimuladas por (alguns) imaturos presidentes de federações, com fins obscuros mas que nunca servem para o apaziguamento dos partidos como espaços irrepreensíveis de valores cívicos como deveriam ser. Muitas vezes os eleitores não estão a votar em candidatos mas a acentuar tricas internas perpetradas por aqueles a que Moita Flores designava no CM deste último domingo por “funcionários políticos com carreiras frustradas, preguiçosos impantes de vaidade e os caciques mais influentes da política partidária regional”.
Não serão estes preceitos alheios ao serviço público ao qual se destina a vida partidária na democracia? Não deveriam os partidos escolher os mais aptos e com mais aceitação na comunidade por virtudes demonstradas? Que beneficio têm as tricas partidárias para a sociedade ou que razões ocultam?
Em Portugal, o partido que controla um governo local tem poderes, através dos seus eleitos, para nomear cargos e assessores e enredar uma ampla teia de agências, fundações e empresa municipais com plena descrição em política de pessoal. O partido, em vez de zelar pelo bem público torna-se numa agência de empregos e qualquer cidade média portuguesa ou concelho, (entre 50 mil a 250 mil eleitores), acaba por ter umas dezenas ou centenas de pessoas cujo salário depende de o partido X ganhar as eleições. Isto gera diversos incentivos perversos para a corrupção.
Os “empregados públicos” de nomeação política têm um horizonte laboral limitado pela incerteza, (que está sempre nas próximas eleições) e, deste modo, são mais propensos a aceitar ou a solicitar subornos a troco de favores, que empregados, (públicos ou privados), com profissão estável e reconhecida não admitem. É sabido que boa parte dos que entram na política fazem-no por “dificuldades nos estudos, por se ser mau aluno e sem perspectivas de concorrer na sociedade civil e para arranjar um «emprego» bem remunerado e pouco trabalhoso, sem responsabilidades, com impunidades e imunidades. Apesar de todas as carências de saber resultantes desse início, seguem a carreira, podendo chegar a um topo. Hoje qualquer um pode ser político desde que conquiste a amizade de um político ou seu familiar, desde que se inscreva na JOTA e se mostre servil em relação ao líder local, aplauda nos comícios repita os slogans e bajule aos pés do chefe. Conquistará lugar de assessor, seguindo-se deputado, uns tachos.”
Por contraste, numa cidade europeia de 50.000 a 250.000 habitantes, de tradição calvinista ou luterana pode haver, incluído o presidente de câmara, mais duas ou três pessoas cujo salário depende do partido que ganhe as eleições. À diferença do que se passa nesses países, onde os políticos locais estão forçados a tomar decisões junto a funcionários que estariam dispostos a denunciar qualquer suspeita de favor, em Portugal toda a cadeia de decisões está, em mãos de pessoas que compartem um objectivo comum: ganhar as futuras eleições. Permitindo que se tolerem com mais facilidade comportamentos ilícitos, e que, ao haver muito mais em jogo nas eleições, as tentações para outorgar favores sejam igualmente mais elevadas.
Portugal deve de ser dos países (penso que não exagero) com o maior número de advogados nas suas administrações, com os resultados que todos conhecemos. É também a partir desta (má) visão aparentemente legalista que se permite uma margem de discricionariedade, nem sempre de acordo com a protecção do interesse público. Além disso o Chefe de Estado queixou-se há dias de que “as leis são mal feitas”. Será que alguém crê que a solução para a corrupção (local) consiste em ter advogados como governantes a regular todas e cada uma das actividades das administrações? in Região de Leiria

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PERGUNTA ESOTÉRICA:
Será que uma alcoviteira, que quer trepar mas que ninguém lhe conhece profissão alguma nem que tenha feito algo de útil onde estivesse, anda a ser paga por algum mafioso para desestabilizar um respeitado grupo de trabalho, como já se diz sobre ela em Alcobaça?


segunda-feira, maio 25, 2009

FORÇA VIVA




S. Martinho do Porto, terra da qual tenho as melhores recordações, e em cuja praia passei muitas tardes com a minha família. Mau grado os anos setenta, a chegada das férias massificadas, provocaram naquele lugar, outrora paradisíaco, uma descaracterização urbanística que quase a tornou irreconhecível. Os sucessivos governos concelhios, ajudados por autarcas com pouca ou nenhuma preparação, contribuíram para essa descaracterização. (click aqui para ler artigo do Eduardo Prado Coelho.)

Louvo com a postagem de hoje o surgimento de um movimento cívico de independentes, que pretende concorrer às próximas eleições autárquicas. O seu propósito é ajudar a inverter essa tendência de sucessivos maus governos e até ilegalidades naquela freguesia.
O movimento é liderado pelo Sr. Comandante de Bombeiros local, o Sr. Joaquim Clérigo
Segundo o que se pode ler no blog do movimento os propósitos são estes:


Caros Concidadãos a nossa Lista “Força Viva” é constituída por um grupo de cidadãos independentes, sem obediência a partidos políticos ou a interesses particulares, cujo único objectivo que nos estimula é servimos a Freguesia de São Martinho do Porto.O nosso grande lema é trabalhar com empenho em defesa do desenvolvimento da nossa terra, pretendendo ser porta-vozes da população junto das entidades locais com competência para dinamizar esta Vila.A nossa diferença assenta no facto de sermos independentes de quaisquer interesses partidários. Somos, por isso, um conjunto de cidadãos:- Donos dos seus ideais e convicções, sem arrogância;- Com vontade de servir, sem servilismo;- Que acredita que temos condições para sermos úteis a São Martinho do Porto e concretizar os sonhos e projectos que todos nós gostaríamos de ver realizados na nossa Freguesia.Com determinação e vontade de traçar um novo rumo para esta Freguesia, propomo-nos ao acto eleitoral para a Assembleia de Freguesia de São Martinho do Porto.Cabe aos eleitores desta Vila julgar o nosso Programa Eleitoral e dar-nos a oportunidade de Servir a População e os seus interesses.
DESEJO OS MAIORES ÊXITOS NA VOSSA PRETENÃO

sexta-feira, maio 22, 2009

ADVOGADOS E POLITICA II


À continuação, publico um extracto da entrevista do Dr. Marinho Pino, bastonário da ordem dos advogados, publicada no Jornal 24 horas do dia 18/5/2009


“ Um advogado não deve de ser deputado, porque quem faz as leis não deve estar a aplica-las no tribunal. Estão a fazer leis a favor de clientes meus? Pode haver a suspeita de haver leis feitas a favor dos meus clientes e não dos interesses do estado. (…)
São advogados que entram e saem do governo. Um escritório de advogados em Lisboa, por exemplo, tinha quatro membros no governo anterior a este e, pelo menos um deles, numa posição de ser a segunda ou a terceira figura. Tem de haver alguma moderação! Eu defendo as regras da sã concorrência entre sociedade de advogados, não é conseguir-se contratos através de tráfico de influencias entre sociedades de advogados, não é conseguir-se contratos através de tráfico de influencias subterrâneas, ocultas ou através de manobrismos na Assembleia da República feitos por deputados que são advogados. Sou abertamente contra isso. E isso incomoda muita gente cujos escritórios lucram com essa situação. Por isso estão contra mim.
(…) . É o novo estatuto que os preocupa e é por isso que me fazem esta guerra toda. Então quem está a aplicar leis nos tribunais e é pago por grupos económicos, às vezes poderosíssimos, deve estar a fazê-las no Parlamento em nome do Povo? Isto é elementar Sempre fui abertamente contra isso Os advogados não votaram na cor dos meus olhos, mas no programa que apresentei e estão lá estas coisas. (…) Não tenho medo de eleições. Fazem-me esta guerra toda por estar a tocar em interesses promíscuos, intocáveis até aqui. (…)
As situações estão aí toda a gente as vê fazem-se fortunas no exercício de funções publicas sem qualquer escrutínio por parte da opinião publica. Enriquece-se no parlamento e depois é tudo justificado com honorários de advogado! Estão praticamente a tempo inteiro no Parlamento e ao mesmo tempo a exercer a advocacia. Sejamos claros isto não está correcto.
(…) O dr. José Miguel Júdice pode dizer e pode acusar-me do que quiser. De uma coisa ele não me pode acusar: é de eu, como bastonário da ordem e advogado, ao mesmo tempo, andar a vender a querer vender submarinos ao governo. Sou bastonário e suspendi as minhas funções de advogado, e não estou a querer vender submarinos ou a fazer contratos com o governo em nome de interesses privados. Disso não me pode acusar. (…)
Fiz abertamente politica antes do 25 de Abril e por isso passei pelas cadeias. Não tenho feitio político. Uma pessoa que fala verdade não pode ser político de sucesso em Portugal. E Portugal, para se ter sucesso na política, tem de se mentir, ser actor, fazer encenações ter, uma agência que escolha a camisa, as gravatas e o pó de arroz… eu não tenho feitio para isso mas não abdico de intervir como cidadão”.


Hoje ningém parece ter dúvidas sobre a promiscuidade entre a política e o exercício da advocacia : ela é mais que evidente. Num momento em que a justiça portuguesa é apontada por todos, à excepção de certos interessados, como um dos problemas graves que a democracia portuguesa enferma, não seria de evitar advogados em eleição? Que buscam e que vêm trazer à democracia senão aquilo que toda a gente sabe e desconfia e o bastonário aponta ?

Sendo a justiça um dos pilares senão mesmo o garante da democracia a entrevista torna-se pertinente pela forma directa como o Dr. Marinho Pinho fala dos interesses instalados neste país, (designado por Ribeiro Sanches de “cavernoso” precisamente por casos de justiça) por esta corporação de profissionais que são os advogados. Nesta mesma entrevista o bastonários faz referências curiosas a José Miguel Júdice um advogado que hoje mesmo escreve um artigo no jornal Público, intitulado “O bastonário: ruído e falta de eco”…é de ler !

Não há muito, a OCDE publicou um relatório sobre profissões e nele informava que os advogados e a advogacia eram em conjunto, as profissões e profissionais mais mal considerados, seguidos de economistas, gestores e outros que não recordo. No grupo contrário, no das mais consideradas estavam médicos, professores, artistas, cientistas …

segunda-feira, maio 18, 2009

ADVOGADOS E POLITICA


Portugal deve de ser dos países (penso que não exagero) com o maior número de advogados nas suas administrações, com os resultados que todos conhecemos. É também a partir desta (má) visão aparentemente legalista que se permite uma margem de discricionariedade, nem sempre de acordo com a protecção do interesse público. Além disso o Chefe de Estado queixou-se há dias de que “as leis são mal feitas”. Será que alguém crê que a solução para a corrupção (local) consiste em ter advogados como governantes a regular todas e cada uma das actividades das administrações?

segunda-feira, maio 11, 2009

PREMIERE PRIDE


Há uma serie de evocações que se podiam exemplificar indefinidamente, sobre o papel e a importância do medo na história dos seres humanos e também as razões ideológicas do longo silêncio que se tem feito dele. O medo é um fenómeno ambíguo e até pode ser entendido como defesa do organismo. No entanto, se passa a dose suportável pode tornar-se patológico e criar bloqueios, tanto a nível individual como nas culturas.
Vários foram os filósofos que tentaram caracterizá-lo, talvez para ganharem audácia e não terem medos, a questão da morte é terrível. Descartes, o filósofo das paixões, dizia que o medo era “uma cobardia por oposição à coragem”; e para outros o medo era causa da pouco evolução de certos indivíduos ( Marc Oraison). Outros defendem que o medo nutre muito o sentimento religioso e político, como aquele que nos persegue com as teorias alimentares, as gripes ou a crise económica. Lacan nalgum dos seus seminários terá dito e cito de memória que “quem for presa do medo corre o risco de se desagregar”.
Vem isto a propósito dos sentimentos de exclusão social que afloram por medos em sociedades pouco urbanas, onde se cultivam sentimentos de intolerância como Racismo, perseguições políticas, religiosas ou relativo a orientações sexuais como a Homofobia.
Ontem em Alcobaça realizou-se pela primeira vez um evento muito inovador: O PRIMIERE PRIDE. Primeiro encontro contra a Homofobia. Foi gratificante ver uma juventude participativa e receptiva o que perspectiva um bom futuro. Oxalá a organização assim o entenda quanto à finalidade do evento: fomentar o respeito pelas diferenças. Espera-se que iniciativas destas ajudem a fomentar um espírito mais aberto em Alcobaça, ponha de lado tabus e perceba que sociedade é feita de direitos e não de clichés como os que por vezes lemos nos jornais locais, ou ouvimos nas rádios em máximas do tipo “a crise actual deve-se ao lobby gay”, ou permitam os governantes locais de perseguir politicamente os seus críticos por apontarem os sucessivos desgovernos camarários em compras imobiliárias no mínimo duvidosos.
Dou os parabéns a quem esteve na organização do evento, ao Bloco de Esquerda e sobretudo ao Drº. Adelino Granja, que soube quebrar moldes e trazer a Alcobaça algo que está na ordem do dia, espero que o evento seja para continuar.
Muitas cidades europeias fizeram dos "PRIDES PAREDES" um verdadeiro símbolo para publicitar a cidade como fez Madrid (CLIC), Barcelona (CLIC) e Berlim (CLIC) só para citar algumas. Ao mesmo tempo que estimula um novo tipo de turismo cultural (CLIC e clic também AQUI) com elevado poder adquisitivo, e divulgavam mensagens contra a exclusão e a homofobia. Bandeiras maiores de sociedades evoluídas.
Como observador dos fenómenos sociais e deste evento em particular entendi a mensagem que tanto o BE como o Dr. Adelino Granja trouxeram a Alcobaça e é a seguinte:
“ Como seres humanos devemos de trabalhar pela igualdade, a justiça a liberdade, a solidariedade e a tolerância, para que se consiga uma sociedade mais solidária e humana.
O respeito pelo próximo não deve estar contaminado por medos ou clichés relativos a género, sexo, raça, cor, etnia nem orientação sexual, religiosa ou política. Não importa o lugar que cada um ocupa na sociedade ou que poder adquira ou obtenha, muito menos o seu grau de alfabetização, os seus gostos ou os temas do seu interesse, mas sim aquilo que imana do seu coração.
O evento é um convite à reflexão sobre as diferenças para se pôr em acção uma mudança na sociedade, mesmo que a dedicação de cada um seja mínima.
É necessário saber estar no lugar do outro e entendê-lo como um ser vivo igual a nós, porque todos somos iguais. É das diferenças culturais e individuais e do respeito pela diferença (do outro) que advêm o enriquecimento das sociedades e a sua evolução.
Estimule-se e aceite-se a diferença com honestidade e humanismo sem fragmentar ninguém nem nenhum grupo, porque as diferenças complementam-nos. Só assim, sem medos, faremos uma sociedade mais justa onde todas as nossas aspirações de cidadão livres poderão ter realmente espaço.

Pode ver ainda sobre Madrid o PRIDE GAY Clique (Aqui)

Politicos em Espanha e o PRIDE GAY Madrid clique (AQUI)

PSOE (Partido Socialista Espanhol) grupo Lésbicas,Transexuais, Gays e Bisexuais (Aqui)

sexta-feira, maio 08, 2009

"COM RESPEITO PELOS OUTROS"

Um amigo enviou-me o mail que podem ler à continuação. Pelo seu lado humano não posso deixar de fazer uma postagem.


"Vale a pena ver o video em baixo.
Os comentários são os que vieram. Apenas me apetece fazer notar o seguinte:
Tempo de crise pode ser tempo de reflexão e de reaprendizagem. Os chavões e os preconceitos com que somos diariamente borbardeados (ou que nós próprios construimos) devem sem meditados, processados, purificados. Isso só será possível se reaprendermos a viver e a escolher em ambiente de relatividade, sem absolutismos. Com respeito pelos outros e por nós próprios. E com muita tolerância. E alguma paciência. Juntos chegaremos algures.

Foi um desabafo. Bom fim de semana para todos. Bjs e abs.

GF



"Esta noite milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana!"

“Esta noite milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana”
Fidel Castro

O vídeo que vai ver foi filmado em Cuba pelo controverso Michael Moore.

É sobre o sistema nacional de saúde cubano.
Cuba, onde as crianças não têm acesso a Play Stations (pelo menos com facilidade).
Nem se sentem inferiorizadas por não vestirem roupas de marca.
Onde os supermercados não apresentam 60 marcas de manteiga diferentes.
E a TV não mente a publicitar que os Danoninhos ajudam as crianças a crescer.
Os carros de luxo não abundam.
Nem as malinhas Louis Vuitton.
Mas têm talvez o mais avançado sistema de saúde de todo o planeta.
E um sistema de ensino ímpar, em que os professores ensinam e os alunos aprendem, com rigor e disciplina, onde não há lugar para Escolas Novas, estatísticas aldrabadas, pseudo-universidades e Novas Oportunidades da treta.
E pleno emprego.
E as ruas seguras, livres de criminalidade e de drogados
Mas os Cubanos têm falta de liberdade.
Falta de liberdade... para assaltarem idosos e crianças.
Falta de liberdade... para agredirem professores dentro das escolas.
Falta de liberdade... para dispararem contra polícias.
Falta de liberdade... para desrespeitarem o seu semelhante.
Falta de liberdade... para políticos corruptos que enriquecem à sombra do erário público.
Cuba, onde tantas coisas faltam, principalmente as supérfluas, as inventadas pelo capital na sua necessidade de se reproduzir.
Mas onde abundam a solidariedade, a fraternidade e, principalmente, a humanidade.

PS. Alguns autarcas portugueses viram, em Cuba, a possibilidade de melhorar a saúde dos seus munícipes e não exitaram em levá-los lá!.

Idosos de Santarém vão a Cuba ser operados
Ministra não evita «moda» de operações em Cuba

sexta-feira, maio 01, 2009

O VOTO EM LOTE É UM PÉSSIMO HÁBITO DEMOCRÁTICO

imagem sacada do jornal Público


Ontem a Assembleia da República fez aprovar novas regras para o financiamento dos partidos. A lei foi aprovada por todos eles.

António José Seguro, deputado do PS, e ministro no governo António Guterres foi o único a votar contra. Vera Jardim (PS), Matos Correia (PSD) e Telmo Correia (PSD) têm reservas, Matilde Sousa Franco (PS) absteve-se. Segundo o jornal Público há “criticas em surdina no parlamento a esta lei para dar mais dinheiro “vivo” aos partidos. António José Seguro justificou a sua divergência desta maneira: “ esta lei aumenta o financiamento privado, mas não diminui os dinheiros públicos, o que em tempo de crise deveria de concretizar-se”. A lei aprovada em 2003 que reduzia “ ao mínimo” “22 mil euros” a entrada de dinheiro vivo. A mudança ontem aprovada, alertou o deputado, “ inverte este princípio” e traduz-se “numa menor exigência” quanto à justificação do dinheiro entrado nos partidos. In PÚBLICO

Quanto a mim a atitude do deputado António José Seguro, prova que a integração das pessoas num partido político, seja ele qual for, não anula a sua identidade. É certo que os militantes obrigam-se à disciplina regulamentaria e à ideologia fundamental, especialmente aquela que se expressa nos programas de actuação, mas não vendem a sua alma. O costume do voto em lote é um péssimo hábito democrático. Há assuntos, especialmente os da natureza ética, que não cabe nem convém a unanimidade. É algo que pode afectar a mera formalidade democrática; mas convém insistir, que se podermos chegar a sanar a doença da partidocracia, que o poder reside nos cidadão e não nos partidos.

Ainda sobre a lei aprovada Saldanha Sanches é extremamente critico como ela e diz: “ tudo o que reduzir o controlo dos financiamentos é completamente errado e vai fomentar a corrupção nos partidos (…) voltamos às malas cheias de notas, das quais uma boa parte chega aos partidos e outra fica com as pessoas que as recebem (…) não há razões para estas alterações, numa altura em que todos organismos públicos estão em contenção de despesas (…) Isto vai aumentar ainda mais o descrédito dos partidos na opinião publica” . in PÚBLICO