segunda-feira, setembro 28, 2009

VOTEM NA CORTIÇA



O Museu Guggenheim de Nova Iorque está a proceder a um concurso internacional de Design a que chama COMPETIÇÃO DE ABRIGOS ("Shelter Competition"). Os concorrentes têm de enviar o projecto 3D de um abrigo de acordo com as regras do concurso. Foram admitidos cerca de 600 projectos de 68 países.
Dos 600 projectos foram seleccionados 10 finalistas, entre os quais está o projecto do arquitecto português David Mares. É neste projecto que entra a cortiça, aliás a cortiça é mesmo o elemento do qual é feito o abrigo.O "CBS - CORK BLOCK SHELTER " é um abrigo construído na versátil cortiça. Mas como se não bastasse a já honrosa posição de pertencer ao TOP 10 deste concurso neste momento o abrigo de cortiça está em 3º lugar na votação do público. Pf acedam ao site do concurso e votem na cortiça -https://webmail.netcabo.pt/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.guggenheim.org/new-york/education/sackler-center/design-it-shelter/vote-for-shelters! Além do prémio do público, este concurso contempla também um prémio atribuído por um Júri, que será divulgado na Guggenheim Museum’s 50th Anniversary Celebration, no dia 21 de Outubro.


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quarta-feira, setembro 16, 2009

A DRª. MANUELA FERREIRA LEITE


Para quem conhece um pouco Portugal e o seu espírito cultural, o cenário das eleições é sempre uma das maiores manifestações de folclore pátrio e um retrato fidedigno do país e daquilo que não deve de ser a política nem os políticos. Especialmente estes, já que o país e as populações vivem dos seus caprichos de “governar” durante quatro anos, mas que na prática se reduzem aos dois meses que precedem qualquer acto eleitoral, pois é nesse período que o “desenvolvimento” e a construção das estruturas que o país, os concelhos e as terras precisam, são feitos. Triste do país que vive segundo este critério de ideias. Portugal é assim. A sua cultura de desenvolvimento é padronizada segundo os anos bissextos, num período de dois meses. Mas o mais interessante é verificar muita da argumentação utilizada.
Sou defensor da ligação Lisboa Madrid em TGV, não só pelo que representa este tipo de ligação (pouco mais de duas horas) com a capital Espanhola, mas pela possibilidade que dá na circulação rápida de pessoas e bens a preços muito aliciantes, tanto para ibéricos (portugueses e espanhóis) como para os estrangeiros visitantes de um e outro país. Há falta de argumentação e de ideias realmente válidas, a Dr.ª. Manuela F. Leite afirma que “iria suspender este projecto”, considerado unanimemente como estruturante para o nosso País e a Península Ibérica, mas a dita Sr.ª. disse ainda qualquer coisa como “Portugal não é nenhuma província espanhola e a Espanha não deve de interferir na política portuguesa”. Bem, se o ridículo fosse um desses vírus com que nos atemorizam a cada momento, não tenho duvidas que Portugal seria um caso muito sério de saúde pública. Mesmo assim desconfio da água que bebe boa parte dos nossos políticos. A Dr.ª Ferreira Leite, há falta de argumentação e ideias para Portugal, por muito utópicas que fossem, usa em campanha, o nome de um país, como o qual temos as melhores relações. Portugal é um região periférica, com uma população maioritariamente conservadora, carente e pouco ilustrada, onde a propaganda barata e atávica em tempo de eleições arrebata os mais crédulos e continua a fazer os estragos que há muito padecemos, no País do "LEVANTAI HOJE DE NOVO". É estranho e sinistro que em pleno século XXI, em Portugal possa haver líderes que apenas para caçarem votos utilizem o medo de fantasmas salazarentos, há muito supostamente afastados, de um povo que quer modernizar-se e viver de forma mais culta e ser verdadeiramente Europeu, como merece.

Ver destaques no EL PAIS:

16/9/2009



sábado, setembro 05, 2009

SOLIDARIEDADE SOCIAL, SEMPRE!

Desenho de EL ROTO
A solidariedade não se deve confundir com a prestação de favores interesseiros que impliquem uma sujeição dos necessitados aos benfeitores, como acontece com certos grupos políticos ou religiosos e outros.
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SOLIDARIEDADE SOCIAL, SEMPRE!
A solidariedade social é o único valor perene. Podemos ter a família, a paz, a religião, a liberdade, a competição económica... mas estes são valores relativos e susceptíveis de serem suspensos. Aliás, são as rupturas familiares, a guerra e a competição económica que engendram mais necessidade da solidariedade. É neste sentido que, no séc. XXI, devemos entender o célebre dito evangélico «Pobres sempre os tereis convosco» (Mateus 26:11), muito posto em causa nos anos ’60 por ser visto como justificador das desigualdades provocadas pelo Capitalismo.. O dito evangélico é a repetição dum outro bíblico, mais antigo, que diz: «Nunca deixará de haver pobres na terra; é por isso que eu te ordeno que abras a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra» (Deuteronómio, 15:11)..
No passado, pobres eram os sem-terra, os mendigos, os órfãos, os estropiados ou leprosos abandonados; «abria-se-lhes a mão» para um prato de sopa. Hoje, esses ditos aplicam-se às vítimas das injustiças sociais e aos marginalizados, que sempre haverá sejam as sociedades as mais tendencialmente justas e politicamente igualitárias. Embora continue haver esfomeados a quem se deve «abrir a mão», é sobretudo necessário «dar a mão» aos sem-trabalho, aos solitários, aos idosos, aos toxicodependentes, aos imigrantes e aos marginalizados. O lema «Pobres sempre os tereis convosco» torna-se «Marginalizados tê-los-eis cada vez mais».
Até um passado recente, a solidariedade só era obrigatória relativamente aos «nossos», aos «de cá» («do teu pobre em tua terra»). E competia à vizinhança. Hoje há o Estado que assume a resolução dos problemas macro-sociológicos. A partir daqui, a sociedade com, à frente, os políticos, remete a questão para o Estado burocrático. Ora, a solidariedade é um movimento centrífugo, parte do indivíduo para o seu próximo, duma família ou duma rua para a outra, do centro para a periferia. Portanto, esperar que as propostas de solidariedade venham do Estado burocrático é uma maneira de perpetuar as situações de privilégio.
Isto vem a propósito do actual período político e da crise económica em que entrámos. A solidariedade social devia ser uma preocupação prioritária dos municípios. Durão Barroso disse em 17.2.2002: «Comigo, não heverá um novo europorto internacional enquanto houver crianças à espera, três anos, para serem operadas». Os candidatos às autarquias - donde deviam partir os movimentos de solidariedade social - deviam ter como regra: «Conosco, não haverá uma nova estrada ou rotunda, um novo centro cultural, mercado, biblioteca ou edifício da Câmara, campo de futebol, renovação dum jardim ou instalação de um qualquer efeito estético-urbano, enquanto houver no nosso concelho um desempregado sem meios de subsistência, uma família sem luz, gaz ou água, uma criança sem creche, um idoso sem lar, um doente sem assistência, um toxicodependente sem apoio...». E cumprir.
Também alguém devia propor às Igrejas que se reclamam de Jesus Cristo, grandes e pequenas, que mandassem às urtigas o seu curriqueiro palavreado esotérico-moralista, sexista, discriminatório (que não é de origem mas criado pela História) e apontassem para o fundamento do Cristianismo, o seu sinal distintivo - «a religião do amor» - e que podia fazer dele a religião do futuro: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo»; por «próximo» entende-se um necessitado qualquer, que pode ser um estrangeiro ou de outra religião (Lucas 10:25-37). Querem melhor? Alguém disse: «Se a Igreja católica tivesse orientado para a luta contra a pobreza os esforços que tem feito na repressão da sexualidade [família e casamento tradicionais, moral conjugal, celibato dos clérigos...] já não havia pobres no mundo cristão». Imagine-se o mesmo direccionamento dos dinheiros gastos em obras materiais (novas igrejas de luxo, pompas religiosas...). O mundo seria muito menos pobre.
Constatamos mudanças na linguagem da Igreja católica; a expressão «solidariedade social» começa a ressaltar; um bom indicador. Nas políticas municipais, por enquanto, o que vemos sobretudo é desperdício dos dinheiros públicos em obras públicas de luxo... num país de miséria.
Artigo de: Moisés Espírito Santo (Sociólogo, professor do Ensino Superior) In IMPRESSÕES, Jornal de Leiria 3 /9/2008