segunda-feira, maio 11, 2009

PREMIERE PRIDE


Há uma serie de evocações que se podiam exemplificar indefinidamente, sobre o papel e a importância do medo na história dos seres humanos e também as razões ideológicas do longo silêncio que se tem feito dele. O medo é um fenómeno ambíguo e até pode ser entendido como defesa do organismo. No entanto, se passa a dose suportável pode tornar-se patológico e criar bloqueios, tanto a nível individual como nas culturas.
Vários foram os filósofos que tentaram caracterizá-lo, talvez para ganharem audácia e não terem medos, a questão da morte é terrível. Descartes, o filósofo das paixões, dizia que o medo era “uma cobardia por oposição à coragem”; e para outros o medo era causa da pouco evolução de certos indivíduos ( Marc Oraison). Outros defendem que o medo nutre muito o sentimento religioso e político, como aquele que nos persegue com as teorias alimentares, as gripes ou a crise económica. Lacan nalgum dos seus seminários terá dito e cito de memória que “quem for presa do medo corre o risco de se desagregar”.
Vem isto a propósito dos sentimentos de exclusão social que afloram por medos em sociedades pouco urbanas, onde se cultivam sentimentos de intolerância como Racismo, perseguições políticas, religiosas ou relativo a orientações sexuais como a Homofobia.
Ontem em Alcobaça realizou-se pela primeira vez um evento muito inovador: O PRIMIERE PRIDE. Primeiro encontro contra a Homofobia. Foi gratificante ver uma juventude participativa e receptiva o que perspectiva um bom futuro. Oxalá a organização assim o entenda quanto à finalidade do evento: fomentar o respeito pelas diferenças. Espera-se que iniciativas destas ajudem a fomentar um espírito mais aberto em Alcobaça, ponha de lado tabus e perceba que sociedade é feita de direitos e não de clichés como os que por vezes lemos nos jornais locais, ou ouvimos nas rádios em máximas do tipo “a crise actual deve-se ao lobby gay”, ou permitam os governantes locais de perseguir politicamente os seus críticos por apontarem os sucessivos desgovernos camarários em compras imobiliárias no mínimo duvidosos.
Dou os parabéns a quem esteve na organização do evento, ao Bloco de Esquerda e sobretudo ao Drº. Adelino Granja, que soube quebrar moldes e trazer a Alcobaça algo que está na ordem do dia, espero que o evento seja para continuar.
Muitas cidades europeias fizeram dos "PRIDES PAREDES" um verdadeiro símbolo para publicitar a cidade como fez Madrid (CLIC), Barcelona (CLIC) e Berlim (CLIC) só para citar algumas. Ao mesmo tempo que estimula um novo tipo de turismo cultural (CLIC e clic também AQUI) com elevado poder adquisitivo, e divulgavam mensagens contra a exclusão e a homofobia. Bandeiras maiores de sociedades evoluídas.
Como observador dos fenómenos sociais e deste evento em particular entendi a mensagem que tanto o BE como o Dr. Adelino Granja trouxeram a Alcobaça e é a seguinte:
“ Como seres humanos devemos de trabalhar pela igualdade, a justiça a liberdade, a solidariedade e a tolerância, para que se consiga uma sociedade mais solidária e humana.
O respeito pelo próximo não deve estar contaminado por medos ou clichés relativos a género, sexo, raça, cor, etnia nem orientação sexual, religiosa ou política. Não importa o lugar que cada um ocupa na sociedade ou que poder adquira ou obtenha, muito menos o seu grau de alfabetização, os seus gostos ou os temas do seu interesse, mas sim aquilo que imana do seu coração.
O evento é um convite à reflexão sobre as diferenças para se pôr em acção uma mudança na sociedade, mesmo que a dedicação de cada um seja mínima.
É necessário saber estar no lugar do outro e entendê-lo como um ser vivo igual a nós, porque todos somos iguais. É das diferenças culturais e individuais e do respeito pela diferença (do outro) que advêm o enriquecimento das sociedades e a sua evolução.
Estimule-se e aceite-se a diferença com honestidade e humanismo sem fragmentar ninguém nem nenhum grupo, porque as diferenças complementam-nos. Só assim, sem medos, faremos uma sociedade mais justa onde todas as nossas aspirações de cidadão livres poderão ter realmente espaço.

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