segunda-feira, novembro 19, 2007

EM VIAGEM




Estou fora mas tentarei actualizar esta postagem conforme a disponibilidade.

Boa semana.

Adoro viajar! É uma actividade que exerce em mim uma enorme atracção. Ajuda-me a narrar historias sobre o que vejo e não conheço e a teorizar para perceber o mundo e a realidade que são cada vez mais globais e menos locais.

Por imperativos académicos o meu destino foi Bilbau, cidade peninsular posta de moda nos últimos tempos. Esta postagem pretenderá ser uma espécie de crónica de viagem, mantendo deste modo vivo os Ecos nos dias de ausência. A diário colocarei novas imagens e textos nesta mesma postagem.


Gijón dias 19/20

Fui a Gijón pelos mesmos motivos que vim a Bilbau (questões académicas). Esta cidade asturiana esta a 300 km de Bilbau e é também uma cidade de características marítima. Da Janela do hotel onde fiquei: Hotel Astúrias, um clássico da cidade situado na praça Mayor. Desfruta-se uma magnífica vista sobre o mar e a praia mas essas vistas são muito mais aprazíveis pelo passeio construído ao longo da orla marítima. É com algumas imagens da Baia e arquitecturas da cidade que vos deixo por agora. Num apontamento simples.





Janela do quarto no Hotel Asturias. Fui despertado pelas nove numa manhã um pouco cinzenta, sem chover.



Vista parcial do passeio marítimo com um ar nubledo e cinzento.



A cruz acaba por ser um elemento simbólico muito presente na iconografia de Gijon mas também em todas as Asturias.



Pessoas a contemplarem o mar que estava muito bravo neste dia 20: são mais ou menos as 11h da manhã.


Vista do mesmo passeio tal como as imagens seguintes.





PAUSA!




Retemperar forças com um Rioja reserva acompanhado por um "pincho" por acaso muito gostoso. Num bar muito curioso chamado O Convento, decorado apenas com iconografias de santos e paramentos de igreja.

Detalhe do bar.


Roupas de padres para cerimónias religiosas.

Há, por estes dias, o festival Internacional de Cine de Gijón. Como em anteriores mostras tem um programa muito interessante com a vinda de actores e realizadores de renome.

Edificio do Banco de Gijón

Um edificio carateristico da cidade, junto a um espaço de aluguer de bicicletas para visitar a cidade. (COPIEM A IDEIA)


Gosto de visitar os mercados e ver montras, tanto uns como as outras, dizem-me muito de aspectos muito concretos de uma cultura tais como a higiene e os seus graus de saúde publica, pela forma como mostram os alimentos e pela limpeza dos espaços onde eles se exibem . As montras uma pouco dos hábitos e estética dos seus habitantes e a cultura em geral. Esta é uma imagem de um dos mercados da cidade designado por "Mercado del Sur".

LIMPIAS (Cantabria) 21.10.2007


Depois do regresso de Gijón, acordei pela manha e, após tomar o pequeno almoço nao resisti em dar um passeio pelo "muelle" e ver o ambiente natural que tanto me tem inspirado para alguns dos texto que já publiquei neste blog e algumas das imagens que os têm ilustrado. O lugar é de protecçao ecologica onde muita gente vem aos fins de semana mostrar às crianças as aves e especies protegidas que por aqui habitam ou estao de passagem. Foi assim que encontrei Limpias faz quinze anos, quando vivia permanentemente em Espanha tendo-me mudado de Bilbau para este lugar que considero um paraíso.

Vistas da janela do quarto

Passeio junto à ria

Passeio junto à ria

Barcos de recreio

Paisagem

Barcos de recreio

Barcos de recreio

Pequeno afluente no rio Assón

Ao fim de uma hora, depois de desfrutar destas paisagem natural e ímpar longe de qualquer reboliço, voltei para casa a fim de continuar a trabalhar nos meus afazeres.

sábado, novembro 17, 2007

ESTADOS TRADICIONAIS OU PRÉ-MODERNOS


PORTUGAL É UM PAÍS QUE DESFRUTA DUMA AFIRMADA COESÃO NACIONAL E SOCIAL NO ENTANTO NÃO PRIMA PELA JUSTIÇA SOCIAL NEM PELA JUSTIÇA POLITICA, E NÃO PODEMOS AFIRMAR PEREMPTORIAMENTE QUE SEJA UM PAIS DE DIREITO. UMA DAS PROVAS É O MAU FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA


bom fim de semana.

terça-feira, novembro 13, 2007

FRADES NO GERAL E OS DE ALCOBAÇA EM PARTICULAR


São Bernardo e a virgem
Alonso Cano. Museu do Prado

O texto que se segue foi deixado pelo Jorge Casal como comentario à postagem anterior, por considerá-lo pedagógico ,decidi fazer dele uma postagem. O Jorge editou-o igualmente no blog: Cultura Popular.

" Há hoje uma visão romântica da vida monástica que leva a pensar que, dentro dos muros dos conventos, era só pureza, oração, bondade e rectidão. Esquece-se que o conceito moderno de «vocação religiosa» podia não existir. Ia-se para o convento para fugir ao trabalho assalariado, à miséria económica, ao previsto abandono na velhice e às previsões de doenças sem assistência. No «mundo» (na vida secular) não havia protecção social nenhuma contra a pobreza, a doença, a velhice, o desemprego, o abandono familiar, a orfandade, etc. O convento era um reduto de «alta protecção», a todos os níveis. Ainda nos anos 50 e 60 do séc. XX se ia para os conventos para superar as previsões de miséria. Um frade era um privilegiado, «um senhor», um príncipe, face à dureza das condições do meio social que envolvia o convento.Sobretudo, não esqueçamos que, desde a Idade Média até ao sec. XIX, os conventos também eram o local onde os pais depositavam os filhos/filhas que eles deserdavam, ou 1) porque vigorava o sistema do morgadio (só um filho/filha herdava o património) ou 2) porque, sendo o património escasso, «não chegava para todos». Então, alguns tinham de ir para um dos inúmeros mosteiros (os pais é que decidiam qual deles tinha esse destino, e qual o mosteiro... e não se podia desobedecer aos pais)..Depois havia as filhas aí postas à força para as contrariar nas suas escolhas matrimoniais. Os mosteiros de mulheres eram sobretudo sítios de sequestro das raparigas desobedientes. Isso aparece em toda a literatura do passado. Pelo efeito destes vários factores, no séc. XVIII 10 % da população portuguesa residia nos conventos. A fuga do convento era punida com prisão, excomunhão e banimento. O frade «egresso» (fugido) tornava-se um vadio anónimo que ia engrossar as quadrilhas de ladrões de estrada. Conclusão: um convento era um sistema de protecção social contra a miséria, a doença e a velhice para uns, um destino inelutável para outros, e uma prisão para a maioria. Também havia muitos delinquentes que ingressavam «nas ordens» para fugir à justiça. (não havia Polícia Judiciária como hoje nem Interpol... ) enquanto os conventos não podiam ser investigados pelas autoridades policiais ou civis).A partir destas condições sociais, um mosteiro era um refúgio de inúteis, preguiçosos, frustrados, réprobos, com - como é evidente - algumas «almas boas» pelo meio. Não admira que também houvesse traficantes de toda a ordem. A vida no interior não era «pera doce»: os conluios, as tramóias e as manigâncias de uns contra os outros, tanto os havia nas aldeias como nos mosteiros. Um convento podia ser um saco de gatos, um ninho de cobras ou um cesto de lacraus. Desde os sécs XVII.-XVIII, a vida monástica entrou em decadência acelerada. Os frades já não viviam exclusivamente nos mosteiros. Muitos passavam as noites nas tabernas e no fado. Muitos passavam os dias nas casas particulares, auto-nomeavam-se «educadores ou confessores da mocidade» ou dos ricos, das suas senhoras ou filhas, etc. E, se os da casa que não aceitassem o confessor intruso, eram denunciados à Santa Inquisição como… «luteranos» (facílimo levar alguém à fogueira!). Outros vagueavam pelas ruas das cidades, inclusivamente a provocar os (melhor: as) transeuntes. Ou, ainda, percorriam o País (dum mosteiro a outro) usando as estalagens (sem pagar) ou assaltando as propriedades. Enfim, para não me alongar sobre este sub-mundo de parasitas, proponho a leitura dos «relatos de viagens» dos escritores estrangeiros, nos sécs. XVII e XVIII, publicados pela Biblioteca Nacional («Série: Portugal e os Estrangeiros») no que eles se referem aos frades e ao clero.Espero que os românticos defensores da pureza monástica me apontem meia dúzia de monges de Alcobaça - só meia dúzia, desde a fundação até ao fecho - que se tenham notado pela sua santidade.. mas a verdadeiramente cristã, incontestada, sem mácula, a do amor ou abnegação ao próximo"


domingo, novembro 11, 2007

OS MONGES DE CÍSTER E A PROTECÇÃO DE CRIMES (SEC. XVIII)


Lisboa em 1755 sofre um enorme tremor de terra que a destruiu em grande parte. Era então ministro de Portugal o Marquês de Pombal e caiu sobre os seus ombros a tarefa de restabelecer a normalidade da capital Também teve a responsabilidade de reconstruí-la. Imaginem o que seria aqueles dias seguintes à tragédia em que havia muitas emoções descontroladas: umas para gerir e outras para consolar. Gente sem casa, sem comer, as actividades económicas estavam estranguladas. Havia sinistrados de todo o tipo para socorrer, milhares de mortos para enterrar. O perigo de epidemia era eminente. Tinham de tomar-se medidas urgentes no sentido de racionalizar e distribuir os viveres e todo o tipo de recursos essenciais. Evitar os roubos e açambarcamentos e o contrabando para que a situação não se torna-se insustentável. Em jeito de síntese estas foram parte das medidas tomadas pelo marquês que mesmo assim teve de fazer valer a mão de ferro para castigar exemplarmente as veleidade de alguns oportunistas da situação.

Muita da impopularidade deste estadista, sobretudo em certos meios, surge pela via do ressentimento dalgumas camadas sociais, já que para estabelecer a ordem social num momento de particular transcendência no reino, teve de actuar contra os seus privilégios.

Como pessoa carismática e de convicções não pensava duas vezes, ao contrário dos políticos dos nossos dias, já que não estava limitado por estratégias de partido nem por alianças, nem utilizava discursos circulares adornados com sorrisos pepsodente repletos de interjeições com sins ... talvezes... acho que ...vamos ver .... ou frases tipo: “ a Planificação central sistemática... A Flexibilidade, dimensional equilibrada... ou a Estratégia, funcional combinada..., que além de não dizerem rigorosamente nada, são ainda sistemas de linguagem complicados que facilitam o distanciamento e o respeito dos ignorantes a quem as profere e conferem fama de doutos a quem assim se expressa. Mas o seu alcance ou conteúdo é absolutamente nulo.

Para os exegetas da cultura fica a dúvida se foi o terramoto que fez sobressair o papel do marquês ou se esta catástrofe bloqueou a sua acção, no sentido de fazer reformas muito mais profunda que alterariam por completo as estruturas culturais do pais. A questão surge sempre porque a cultura política social, económica e cultural iniciada por ele, não criou escola e após a sua destituição assistiu-se ao fenómeno que em linguagem freudiana se designa pelo regresso dos recalcados.

Das muitas medidas que tomou, algumas pretendiam acabar com determinados aspectos de imunidade que a igreja católica possuía, sobretudo em relação aos delinquentes, dado os espaços dos templos serem também zonas francas para albergue de certo tipo de criminosos, onde a lei secular não se atrevia a entrar. Aí gozavam de plena imunidade! Imaginem o que seriam aqueles lugares frequentados por este tipo de gente, como as constituições sinodais nos revelam e os negócios negros que ai se faziam à conta de roubos e tráficos de determinadas mercadorias. Os espaços deviam de ser comparáveis aos Casais Ventosos da actualidade onde até se permitiam construir barracas para viverem. A sociologia do crime tem muito que estudar em Portugal, e em Alcobaça nunca se ouviu falar sobre a história da sua criminologia.

A nota que hoje publicamos é o original de uma carta enviada pelo Marquês de Pombal ao abade do mosteiro e expressa medidas que o governo de Sebastião Carvalho e Melo tomou a seguir ao terramoto, para limitar a acção criminal dos que nele se acoutavam. Penso que a carta seria uma norma para todos os espaços religiosos do pais.

Na sociedade do antigo regime as cumplicidades entre a igreja e determinado tipo de crimes são muitas. Além dos aspectos daqueles espaços religiosos serem de protecção para homiziados. O delito de contrabando foi praticado por algumas ordens religiosas devido ao monopólio que tinham de certo tipo de comércios, provenientes de colónias na América latina, África, Índia como por exemplo a companhia de Jesus. Em Espanha, França, Inglaterra e Itália, este tipo de investigações há muito que não são nenhuma novidade e são um meio mais de se conhecer as estruturas e o dia da sociedade do antigo regime. A ordem de Cister segundo creio tinha domínio sobre os portos da Nazaré e S. Martinho. No século XVII e XVIII a grande mercadoria de contrabando era o tabaco.

Cópia de uma carta que em nome de sua majestade mandou ao N.Rmo. o secretário de Estado Sebastião e José de Carvalho

Sua majestade com o urgente motivo da devassidão , e que contra as suas leis, e ordens e contra antigos forais e estabelecimentos das alfândegas destes reinos se tem escandalosamente repetido o delito de contrabando; buscando-se asilo para ele até em alguns conventos e casas religiosas: para mais eficazmente obviar um crime tão e prejudicial ao seu real serviço, e a o bem público dos seus vassalos: foi servido acrescentar as suas providencias que antes havia dado sobre esta matéria, proibindo e ordenando ao mesmo tempo ; não é por via de jurisdição; e mas sim de direcção e de necessária defesa dos seus vassalos, e de conservação e do bem comum dos seus reino: que nem ainda nos conventos e casas religiosas se recolhão e os ditos contrabandos e os contrabandistas, que os fazem: e quem nos casos de contravenção e possam os ditos conventos e casas religiosas, onde se recolherem os mesmos contrabandos e contrabandistas ser buscados não só pelo juiz conservador geral da junta de comercio; mas também pelos outros ministros criminais, perante quem se denunciarem os contrabandos, para fazerem as oportunas apreensão nas mercadorias descaminhadas, e nas pessoas dos descaminhadores: casos nos quais os eclesiásticos que houverem dado favor aos ditos contrabandos; serão pela primeira vez exterminados quarenta léguas fora dos lugares em que os tais casos sucederem; pela segunda vez removidos para a distancia de oitenta léguas dos mesmos lugares e pela terceira vez serão lançados fora destes reinos, como incorrigivelmente prejudiciais ao bem comum deles, e ao sossego publico, que resulta observância das leis , a que os mesmos eclesiásticos costumes e devem de dar os mais louváveis exemplos. e tudo o referido manda S. Majestade participar a V. Pe. Rma. esperando da religiosidade e do zelo de V.Pe. Rma. que assim o fará observar inviolavelmente a todos os seus súbditos e muito especialmente aos prelados locais; declarando-lhes expressamente que serão eles os responsáveis nos casos de recolherem nas casas e conventos da sua administração os referidos , ou quais quer outros criminosos com o escandalo que resultaria da contravenção não só deste aviso; mas de todos os outros que ao governo ao governo da religião de V. Pe. Rma. se tem feito sobre esta matéria em repetidos actos desde o reinado do senhor dom Pedro segundo até agora os quais avisos V.Pe. Rma. mandará renovar com este nos livros dos registos modernos de todas as casas da sua filiação para se excitar assim melhor observância do conteúdo neles”.

A carta vem de Belém com datado de 25 de Novembro de 1757. e é assinada por Sebastião José de Carvalho e Melo. e dirigida ao D. abade da congregação de S. Bernardo” B.N.L. Cod. Nº. 720. Folha 19 (reservados)
António Delgado: in semana cisterciencse 1999.

quarta-feira, novembro 07, 2007

MOSTEIRO E FRADES; VIVENCIAS NO SEU DIA A DIA!

Normalmente pensamos que no tempo dos frades a clausura monástica seria um modo de vida muito seráfica e enlevada e que todos aqueles que se recolhiam nela praticavam a oração e a contemplação no seu sentido mais sublime e extático. No entanto começa a ser manifestamente sabido que afinal não era bem assim e que essas ideias estão longe de ser verdade e servem até para distrair sobre aquilo que realmente era o dia a dia dentro das casas monásticas, além da oração. Se nos nossos dia se sabe que no Vaticano ocorrem assassinatos por causa de amores e ciúmes homossexuais, imagine-se aquilo que se tem ocultado. Por outro lado a vida de um mosteiro, como a que Humberto Ecco reinventou no romance “O Nome da Rosa”, era muito mais real do que possa parecer.

Nos séc. XII e XIII quando se assiste à grande expansão da ordem de Císter, há muito que a pureza da regra de S. Bento de Nursia estava corrompida, e quando a ordem se representou em Alcobaça, com alguns dos seus frades, o principio Ora e Labora hà muito que tinha sido posta gaveta, tal como o socialismo dos nossos dias. Naquele tempo a ordem de Císter já era um império monástico e padecia o relaxamento da austeridade e do enriquecimento. Tinha-se convertido num potentado económico e num centro de tráfico de influencias. Se não fosse por esse centro de influencias não sabemos o que seria hoje o Jardim à beira mar plantado. Todos sabem que D. Afonso Henriques comprou as influências de Bernardo do Claraval com a doações de terras à sua Ordem.Bernardo de Claraval como presidente da multinacional Ordem de Císter representava naquele tempo o que representa hoje um presidente de administração de um qualquer império económico, como Bill Gates da Microssoft. Tinha poder para exercer muita influencia junto do Papa para que este reconhecera Afonso Henriques como rei. Neste sentido é curioso ver na linguagem dos cronistas o uso do termo promessa para designar o negócio, a troca de favores ou interesses entre D. Afonso Henriques e S. Bernardo. Os discursos subliminais sempre fizeram parte das ideologias ou dos desígnios obscuros, e a fundação de Portugal foi envolvida por um ar brumoso, místico, divino e esotérico como convinha e parece continuar a convir; só que para a ciência todas aquelas crónicas são meras curiosidades!O síndroma da promessa continua arreigado nos genes da cultura política, tal como no passado. A bitola discursiva de qualquer candidato continua a utilizar a promessa como engodo para o seu interesse. Dão-me o vosso voto e eu dou-vos o que vos prometo... se ganhar! A existência do “SE” pode tornar tudo nulo. A generosidade e o altruísmo dos políticos baseia-se nisto. Outro exemplo desta generosidade vê-se quando o comum dos mortais promete à Virgem Maria ir a Fátima a pé se lhe sair o totoloto, se não sair não vai e a promessa fica sem efeito. Este tipo de fé assente no interesse e na chantagem é sinónimo do altruísmo do tipo de políticos descritos. Ambas expressões são o mesmo vector de uma filosofia: a “INTERESSELOGIA”. Toda a cultura ocidental parece que assenta nela. A chamada lei da retribuição fez o dia a dia das mortais simples jogatanas de interesses, por isso as religiões fundadas em sistemas de compensação parecem ter os dias contados. Assim a fé tal como a política não se constituem na generosidade nem no altruísmo, a fraternidade ou solidariedade desconhecem-se, e são o toma lá dá cá de um comércio sucateiro ou da venda da alma ao diabo. Feito o comentário vejamos nos ecos um aspecto da vida dos monges no interior do mosteiro de Alcobaça ou nas casas da ordem de Císter, que era a prática dos jogos de Parar. Estes jogos eram realidades lúdicas ilícitas por serem jogos de apostas. Na gíria dos nossos dias têm a designação de jogos da batota, montinho e cartas e são práticas criminosas, tal como sempre foram. O extracto do texto que publicamos pertence às regras do capitulo, do séc. XVIII e diz o seguinte:

“Recomenda Mto. o capitulo ao N.R.mo. e a todos os m. R. dos Pes. Dons Abades a observância da lei do capitulo geral de 1726. e da junta de 1728 sobre a proibição do jogo, e as restrições, compº. somte. se devem permitir os que são lícitos, e em nenhum caso os de Parar; os quais o capitulo proíbe absolutamente a todos os monges da nossa congregação e lhes manda com preceito de obediência que nenhum seja ousado ao jogar nem dentro nem fora da clausura”.
Para uma hermenêutica da cultura e da sociologia, as leis enquanto objecto de estudo sociológico, são práticas culturais e tanto aquilo que proíbem ou aquilo que estabelecem têm o mesmo valor. Não é por se proibir roubar que deixa de haver ladrões ou que as cadeias não estejam cheias deles. Do mesmo modo que por se declarar legalmente os impostos não se esteja a defraudara a lei; recorde-se casos até recentes acontecidos com ministros. Os dois aspectos da lei são demonstrações espontâneas da cultura, logo fazem parte dos costumes.Imagine-se então o animado que era o interior do mosteiro e ver os monges pelos cantos, ao fundo das adegas, atrás das vasilhas, em lugares pouco iluminado, nas cavalariças ou a levantarem-se de noite, às escondidas, para irem jogar à batota. Imaginem também um grupo de frades que “arroupava” estas proibições. Se no interior do mosteiro se constata a existência desta prática, fora dele os religiosos também se entregavam ela , porque a regra do capitulo é clara: tanto proíbe o jogo dentro como fora da clausura. As constituições sinodais excomungavam os religiosos que jogavam aos jogos proibidos.O jogo, enquanto aspecto lúdico na convivência entre os frades e da vida monástica era importante, porque surge legislado pelo capitulo e esta assembleia eclesiástica dedicava-lhe normas estritas e com variantes permitidas. Pergunto quais seriam então os jogos com que os frades se podiam divertir? escondidas? pingarito? cabra cega? adivinha toleirão? à sardinha? aqui vai o lenço aqui fica o lenço? Á malha, ao “pé cochinho”, aos três cantinhos...? Sinceramente não sabemos nem nos interessa por agora o que a regra nos permite saber é que por detrás das grossas paredes e pesadas portas dos edifícios monacais se ocultava entre outras coisas um mundo de pândega e vicio, e sobre o ponto de vista da cultura isso é muito mais importante porque nos permite desmistificar os estereótipos com que se estrutura o obscurantismo.
Ps. Este artigo foi publicado na Semana Cisterciense en 1999.



domingo, novembro 04, 2007

MORDIDO PELOS MOSQUITOS (JOGO)





"HÁ MOSQUITOS QUE TEM DE SER AFASTADOS DA VIDA PUBLICA"

Gonçalves Sapinho, presidente da Camara municipal de Alcobaça, em conferencia de imprensa; 29/1/2007. In Região de Cister 2/11/2007

Este jogo parece inspirado no estado em que terá ficado o preclaro presidente da camara municipal de Alcobaça, ao tentar afastar alguns dos mosquitos da vida pública local. Pelas imagens e pelas palavras e segundo se vislumbra, a esteticista não terá, proximamente, mãos a medir ...olhe o lifting senhor presidente, olhe o lifting que breve lhe será feito!

PS. uma leitora identificada pediu para deixar esta observação nesta postage:

"O que eu ri. O nosso "inimigo" é o nosso maior mestre. É ele que activa a nossa agilidade mental, e não só. Se não existir agilidade mental, a população deste concelho adormece, não posso dizer que adormece á sombra de bananeiras,pois estas árvores,são raras por cá. São mais as bananas que estão à espera que outras gentes não bananas lutem por eles no "despejo do TGV" por estas bandas. Nmita"

N.E. Não é a primeira vez nem será a última que este tipo de colaboração é aceite. De novo recordo os leitores/as que desejarem ver um texto seu publicado no ECOS E COMENTARIOS de o enviarem para a direcção mail. a_delgado@netcabo.pt

A MÚMIA DE ALCOBAÇA (JOGO)



Sobre o Jogo:

Muitos dizem que é macabro e foi inspirado no cadáver do Abade João de Ornelas, aquele a quem o povo de Turquel, Évora e Aljubarrota terão forçado D. João I a demiti-lo, POR SER UM ABADE TIRANO, NADA FAZER PELOS POVOS E ENCHER-LHE A VIDA PRESENTE E FUTURA, DE PENAS, COMO FAZIAM OS DITADORES FACHISTAS E OS LADROES DE SONHOS. Em crónicas recentes diz-se que o espírito desse tirano João de Ornelas, foi exorcizado por bruxos locais e que ao penar por aí, encarnou o corpo dum triste e pobre diabo atarantado como as pessoas que nunca tiveram rumo, E O INTERIOR DA CABEÇA É VAZIO E ESCURO. Por isso o possesso sofre do complexo de perseguição e como NÃO OUVE ou OUVE MAL é muito desconfiado ... Mas há quem diga que tudo isto é pela a acomulação de Janeiros...já não PERDA.
BOA SEMANA