segunda-feira, novembro 16, 2009

APONTAMENTO SOBRE CORRUPÇÃO


As notícias sobre corrupção têm dado um vendaval de contradições, onde nem escapa a quinta-essência da República: a sua Justiça. Servir o bem público é um empenho virtuoso para alguns, mas fortuna e virtude são irreconciliáveis, afirmou Sade.
Aqueles que com mais ardor denunciam casos podem estar a contribuir para uma operação de desmontagem da democracia, mas por muito que se empenhem, um partido não se pode medir pelo número de corruptos com que conta, como uma religião não se mede pelo número de padres pederastas, ou os médicos por quem cometeu negligencias e os jornalistas perante colegas que apresentam informações não contrastadas nem verazes.
A crítica baixa, o populismo e ausência de controlo além da predisposição para permitir o autoritarismo configuram, no povo português, portas de entrada para personagens demagogas e autoritárias, que podem ainda combinar carisma com a falta de escrúpulos: um perigo para a democracia progredir. Tanto um partido político como qualquer político, enquanto zeladores da causa pública, deverão ser medidos também pelas decisões que tomem relativas às tramas corruptas uma vez descobertas.
Os meios de comunicação deveriam trabalhar na veracidade e contundência que merecem os corruptos que tanto nos indignam. Como? Sinceramente não sei, mas a “corrupção nossa de cada dia, que nos dá hoje” nunca deveria seguir a ideia proposta por El ROTO no seu desenho.

1 comentário:

Maria Cristina Quartas disse...

Eu acho que a culpa de tudo isto é a qualidade de vida que temos. Pois é, tudo tem um revés da medalha.
Cá para mim, isto é assim: sempre houve corrupção e vigarices. Isto agora pegou moda, e não se fala noutra coisa.
E porquê?
Porque temos a Internet, os telemóveis, os jornais, cento e tais canais televisivos, meios de transporte rapidíssimos, estradas magníficas, comidas plásticas...
Antigamente nada disto havia. Lá se ia sabendo algumas coisas que chegavam de boca em boca. E muitas ficavam pelo caminho. O que interessava saber o que se passava a 500 ou 600Km? Epá, isso era muito longe, quase um outro mundo!
O homem tinha q trabalhar quase de sol a sol, porque tinha muitos filhos para criar. A mulher passava mais tempo na cozinha e menos nos cafés (nem sequer havia shoppings).
Ambos estavam ocupados com a vidinha. Não havia tempo para fofoca política.
Olhem o Zé do Telhado? Um grande vigaro e ainda ficou na história como bem feitor, que tirava aos ricos para dar aos pobres!
O desemprego, os trabalhos fáceis, o excesso de tempo livre, é que dão para exaltar qualquer coisa sem importância.
Qual de nós não é corrupto e vigarozinho?
Não???!
Que se crie condições... e logo se vê do que somos capazes!
Pois eu não acredito que haja pessoas honestas. Acredito sim, em atitudes mais ou menos honestas.
Era dos descobrimentos? Descobrir, o quê?
Era dos encobrimentos? Encobrir, o quê?
Estamos mas é, na Era dos "excessos de tempo livre"!!!

Um abraço
Maria Cristina Quartas