A primeira imagem de cima é uma montagem com o pequeno templo da Igreja da Conceição em Alcobaça. E foi feita a partir de um quadro do período romântico de um pintor inglês. O quadro representa aquilo que era muito normal até ao sec. XIX em toda a Europa cristã e católica: inumar nos adros e em torno das igrejas. Umas vezes devido à falta de espaço no interior das igrejas e noutros casos pelos fracos recursos do falecido e familiares como se pode ler num destes textos que exponho. Em Portugal só uma proibição em 1836 retirou esta pratica da vida urbana e o monopólio da morte à Igreja católica, motivando uma contestação popular designada por revolta da Maria da Fonte.
Na Baixa e Alta Idade Media a aristocracia e burguesia rica, pagavam fortunas à igreja, para ficarem neste ou naquele templo fundando capelas no interior. Os grandes monumentos nacionais fizeram-se por imperativos de morte (inumação) e para perpetuar dinastias, ao contrario do que se afirma que foram para agradecer a Deus vitórias em guerra. Ficava bem ao rei e na actualidade à historiografia de matriz cristã dizer semelhantes coisas perpetuando um tipo de ideias proprias de espíritos nacionalista radicais. Mas numa era do global ou da fraternidade global cimentado também pelo espírito europeísta estas ideias são no mínimo atávicas. Todos ouvimos na escola e fora dela que o mosteiro da Batalha edificou-se para comemorar a vitória de Aljubarrota mas em verdade o que se vê é apenas o mausoléu da família de Avis. O mesmo se passou com Alcobaça com a antiga galilé, onde se perpetuava a disnatia de Borgonha. Resta disso algumas monumentos funerarios, num pavilhão do sec. XVIII, mal concebido e inacabado além de descontextualizado do edifico do mosteiro .
Perpetuam ou não as pretensas mitologias modernas mentiras antigas?
A questão que ponho é contrastar pelo registo do obitos (sec. XVIII e XIX) a noticia saida nos jornais Alcoa e Região de Cister em 1995 que se reproduz .
“Algumas ossadas dos primeiros monges sepultados em Alcobaça e encontradas, quase a descoberto nas traseiras da nova residência paroquial, foram ontem, dia 4, trasladadas para junto do Altar Mor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. As ossadas foram encontradas por Gérard Leroux e pelo pároco de Alcobaça, Padre Siopa, que entenderam por bem dar conhecimento do facto à comunidade cristã, e proceder à trasladação, aproveitando para isso o dia 4 de Julho, dia da Rainha Santa Isabel de Portugal.
A trasladação ocorreu por volta das 19 h com a celebração da missa homilia alusiva ao facto. Durante a missa foi apresentado o pequeno sarcófago, procedeu-se à bênção tumular e à colocação das ossadas no local apropriado, ficando assinalados por uma lápide com inscrição alusiva ao facto" in Região de Cister 5 de Julho de 1995. Ler jornal Alcoa. 6/7/1995.
“Algumas ossadas dos primeiros monges sepultados em Alcobaça e encontradas, quase a descoberto nas traseiras da nova residência paroquial, foram ontem, dia 4, trasladadas para junto do Altar Mor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. As ossadas foram encontradas por Gérard Leroux e pelo pároco de Alcobaça, Padre Siopa, que entenderam por bem dar conhecimento do facto à comunidade cristã, e proceder à trasladação, aproveitando para isso o dia 4 de Julho, dia da Rainha Santa Isabel de Portugal.
A trasladação ocorreu por volta das 19 h com a celebração da missa homilia alusiva ao facto. Durante a missa foi apresentado o pequeno sarcófago, procedeu-se à bênção tumular e à colocação das ossadas no local apropriado, ficando assinalados por uma lápide com inscrição alusiva ao facto" in Região de Cister 5 de Julho de 1995. Ler jornal Alcoa. 6/7/1995.
Ps. Pedi ao sr. prior , em carta registada, para me que esclarecera como sabia que as ossadas eram dos primeiros monges de Císter(sec. XIII). Espero resposta há doze anos.
14 comentários:
Bom Trabalho Amigo, e vê se consegues que o padre consiga desvendar o mistério. Em contrapartida o da minha freguesia quer que eu transcreva toda a documentação de uma irmandade a partir do século XVI... A ver vamos...
Um Abraço e Bom Fim de Semana
(sigo de viagem amanhã...)
É verdade António, são sempre os possidentes que promovem e financiam a guerra. E que fazem mosteiros e catedrais, à conta do povo que combateu, em memória de seus heróicos feitos. Ora os historiadores e cronistas, como foi o caso do Fernão Lopes, têm a tendência para alindar a história. Agora vê lá se não é mais bonito "ossos de monge" do que "ossos de lego" de "infelizes sem nome". A história mostra-nos também uma verdade interessante: a de que que ossos comuns também podem chegar ao céu...
Bem-Hajas,
Valdemar
É dificil que verem quando usam oculos de Alcanena, ele ou os politicos e os clones de historiadores...é obra o que te pede o prior da tua freguesia.
Bom fim de semana em paz e felicidade.
uma abraço Fraternal.
Antonio
Valdemar nem que, para isso seja preciso enganar tanto o povo na terra como ao do céu. Se contasse e mostrasse, todos os documentos que tenho acumulados ao longo de mais de trinta anos, da BN de Lisboa (reservados) da Torre do Tombo. Da Biblioteca Nacional de Madrid (reservados),do arquivo histórico de Simancas Valladolid; do de Salamanca; do arquivo da casa das Índias de Sevilha; da Biblioteca Nacional de Paris..e da Oxford Library e transcrevesse o que certos documentos dizem e aquilo que se conta nessa terra de “cultura” por certo haveria um enorme terramoto que danificaria o mosteiro de forma pior que a ruína na montagem da foto da postagem anterior a esta. A parolice e a ignorância, de alguns alcobacenses, com pretensões a historiadores vivem felizes e contentes, "impondo coisas" aos outros como se estes vivessem na sua mentalidade de néscios...para eles que siga o seu carnaval e a ALCOBAÇA TERRA DA sua CULTURA.
Um abraço fraterno
para todos ai em Cóz.
Podes continuar esperando eternamente António,
Na verdade, é muito mais "chique" dizer que se trata de ossos de monge do que do simples e descalço povo. É capaz de atrair mais turistas, principalmente de turismo "fúnebre"...
Será que o dito prior não sabia que nos adros das igrejas se sepultavam os mortos nesses tempos? Não precisava ir muito longe para aprender alguma coisinha...Por exemplo, no adro e traseiras da igreja onde fui baptizada (S.Vicente de Aljbarrota), muito mais recente do que a Igreja da Conceição, ainda hoje são visíveis sepulturas desses tempos e, o padre local não se lembrou de dizer que aí foram sepultados os padres que o precederam. Por enquanto...
Mas o sr. Prior que fez a descoberta, das ossadas que referes e as classificou com sendo dos monges, bem como quem o coadjuvou em tão rápida e brilhante classificação,bem que podiam estudar as ossadas de crianças que muitas vezes são encontradas em escavações efectuadas em mosteiros e conventos... Eles devem ser "especialistas" na matéria...
Beijinhos
Estimada Alzira
a religião sempre fez exclusão social e no fenómeno da morte era perita. Aqueles que não eam batizados, como as criancinhas, aqueles que apareciam mortos em em poços ou afogados com cordas entre outras variantes, eram enterrados longe da igreja, no mato e em monturos para não contaminarem o chão da igreja e o circundante dado que este tinha caracteristicas sagradas. Este tipo de exclusão sempre foi cartão de identidade da igreja e esta afirmaçõa de que os ossos eram de monges pode ser entendida como uma mais...porque não seriam ossos de outras pessoas? mas o problema é ainda mais complexo. Como souberam, o padre e o outro cavaheior que aqueles osso eram dos primeiros monges??...revelação divina ? ou o tedio religioso é tanto que já se tem de publicitar pseudo verdades para atrair a boa fé dos simples? ou uma forma de sustentar um erro com outro erro? ...Alcobaça é mesmo um caso para um estudo sério!
Bjs.
António
Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Até mais
E constroem-se mitos em cima de mitos!!!
Sabia que era natural da minha terra (Fornos de Algodres) aquele que decretou que os enterramentos tinham de ser feitos nos cemiterios:
Antonio Bernardo da Costa Cabral, Conde e mais tarde Marques de Tomar.
Muito bem Rodrigo já vi o seu blog e farei a publicidade.
Cordialmente
Antonio
Amigo Al Cardoso,
jÁ NÃO ME RECORDAVA . Conhecia os problemas que surgiram com a sua governação e por ser um liberal de tempera os problemas que a sua governação gerou. Curiosamente o decreto de 8 de Outubro de 1835 que determinou o o ESTABELECIMENTO GERAL DOS CEMITÉRIOS, na esta assinado por ele mas pelo secrtario de estado dos negócios do reino: Rodrigo da Fonseca magalhães. Foi na sua governação que o monopolio dos mortes anteriormente tutelado pela igreja passou para o estado. Pina cabral foi um grande estadista, um segundo marques de Pombal como alguns designam. Interessa-me também muito a sus acção Organizaradora das ares em no país: nomeadamente o Conservatório, a Academia de Belas Artes, o museu da Academia, Imprensa Nacional e a Academia Portuense de Belas Artes. Realidades que estudei e conheço. Um grande homem das BEIRAS.
Um abraço fraterno.
António
A propósito do texto, atrevo-me a dizer que a Batalha não é o melhor exemplo desta tese, aliás já conhecida e sempre refutada por quem não quer perder tempo na investigação. Outros monumentos há que foram concebidos para esse fim, como os Jerónimos.
Evidentemente, que acima de tudo, eram construidos para serem um marco visível do poder real.
Bfs
Querido António,
Imagino que sabiam que eram ossos de moje porque porque sao diferentes dos ossos do vulgo. Vocês é que nao sabem nada disso. O Sr. Prior sim é que sabe! Nao há comparaçao possível entre um tipo e outro de ossos.
Beijinhos
Ema
Carissima Ema,
Há Padres que tem revelações divinas que não podemos contestar e parece-me que foi o caso.
Um beijinho
Enviar um comentário