(sugestão de estátua)
Não especulem mais sobre quem seja o homem da sanita. Eu já descobri: é o Grande Pensador Gonçalves Sapinho. É o mesmo que figura um pouco antes como aguadeiro, de chapeu mexicano (?) e com uns tachos dependurados ao pescoço para dar de beber aos cameleiros no deserto. Já chegou a uma descoberta fantástica: «Há pouca estatuária em Alcobaça». Quando era aguadeiro do deserto, já lhe fazia espécie que não houvesse por lá fontes, rios, cascatas e lagos com peixinhos, sapinhos e outros bichinhos (se houvesse, já não era preciso ir buscar água tão longe, uma trabalheira!). E fazia esta analogia: «Tal como não há estátuas em Alcobaça assim não há água no deserto».Depois, na aposição de Buda, reflectia: «No deserto só há saibro. Ora, um deserto com rios, cascatas, peixinhos e sapinhos seria muito mais bonito, uma atracção turística». Um belo dia tirou o chapeu, despiu-se dos seus atavios de beduino, sentou-se na sanita e, como Pensador que é, adoptou a verdadeira posição do Pensador de Rodin. Foi então que teve esta sublime iluminação: «As coisas só estão bem como Deus as fez. Não há nada melhor do que o deserto: vazio, solidão, estagnação, pasmaceira. Deus lá sabe porquê. Nos seus altos desígnios, Deus entendeu que é muito mais fácil dominar um deserto do que um mundo vivaço, buliçoso, mutante, exigente» Depois pôs-se a desafiar aqueles que pensam que também pensam (são uns idiotas!): «Alcobaça é um deserto? Morre-se de pasmo em Alcobaça? Pois eu, Grande Pensador do Deserto, até digo: Viva o deserto! O deserto é o meu mundo! O meu ganha-pão!. Quem não está bem mude-se!» E, nisto, levantou-se da sanita e, como quem levanta um troféu, fez chocalhar os tachos que trazia ao pescoço e com que dá de beber (de comer, e muito mais coisas) aos cameleiros seus acólitos (ou coristas?). É por isso que, em compensação, os acólitos levam o Grande-Buda-Pensador num andor a dar uma volta pelas feiras (também viram essa?). Ora, e digo só mais isto: é desta intensa actividade pensante do Grande Pensador que deriva a sigla PSD: Pensador da Sanita do Deserto.
Ps. Esta postagem deriva de um comentário bem humorado deixado na postagem anterior pelo meu amigo Jorge Casal. Ele, tal como eu, nutre um grande amor por Alcobaça e não deixou de se associar à diversão contra os encantadores de serpentes que se nutrem dela.
8 comentários:
Como sempre, a sátira no seu melhor.
Bem Hajas Caro Amigo
Um Abraço Fraterno
VIVA AMIGO LUDOVICUS,
MUITO ME HONRA A SUA VISITA.
UM ABRAÇO FRATERNO TAMBÉM.
ANTÓNIO
Viva Jorge Casal,
"Chocalham-se" tachos, arraiais, cadeirinhas de rodas, bailes, ilusionistas... tudo porque o único objectivo é a manutenção do poder.
Mas, o poder vai sobrevivendo no deserto, querendo impor a desertificação de pensamento e estagnação aos Alcobacenses. Por essa razão, destrói-se património, fomenta-se a cultura dita "pimba", adjudicam-se obras de fachada... mas contribuir para o desenvolvimento económico e social do povo... nem pensar!
É que, se isso fosse feito, o povo, já mais "instruído" e exigente, tirava-lhes o TACHO...
Por isso, vale mais o poder sentar-se na sanita pensando na melhor forma de manter o deserto...
Um abraço.
Estima Alzira,
O problema de alcobaça é essa aridez de ideias esse deserto de criatividade, saber e critica. É mais facil para este cavalheiro e seus acolitos governarem num deserto e na sua aridez do que num local urbano. Um "mundo vivaço, buliçoso, mutante, e exigente" há muito que tinha pedido contas a esta rapazida...mas Alcobaça é assim...terra de aguadeiros, tacheiros e pensadores de sanitas no deserto...ou seja Rodins de cagadeiras! (desculpem-me a linguagem)
Bjs
António
amigo antónio
eu tenho uma paixão pela obra do Mestre Rodin.
Nunca imaginaria que o pensador, um dia, estivesse exposto em tão pobre galeria e, muito menos a pensar com as partes mais baixas.
agora mais a sério: eu não acho que haja uma aridez de ideias e nós somos uma prova disso, não somos?
o problema é que ainda há muita gente a dormir e outros a mamar.
sobe há pouco tempo que um vereador municipal teve o "desplante" de não deixar passar um projecto de turismo rural onde, até o deficiente não foi esquecido. Esse mesmo vereador é dos que apregoa que o turismo tem de ser incentivado e que não podemos esquecer os deficientes.
Bom, o povo não sabe disto e temos de ser nós, através dos nossos blogs que temos de acordar esta gente.
o que dava jeito era a criação de um jornal com chamadas de atenção, polémico e politicamente incorrecto, se necessário.
o que me custa é que alguns esclarecidos votam psd apenas para mamar, outros cairam na armadilha de irem para este elenco deixando as suas profissões e, agora, não têm outro remédio senão ir até onde a queda os espera e outros, andam a cirandar entre um partido e outro à espera de uma frigideira (já nem ambicionam um tacho!).
há ainda os que estão por favor a fingir que trabalham e que mancham certas profissões muito nobres ao se aproveitarem da boa-fé de alguns para tentarem subir na vida e sabe porque? porque estão a falir e, não têm coragem para começar do zero. então optão por se agarrarem a cunhas e expedientes para não cairem de vez.
Não sei se é apenas uma camada mas alcobaça parece estar minada de interesseiros e lambe-botas e nós, vamos sendo os incómodos - vá-se lá perceber porquê...
Na terrinha temos uma paisagem de "recuerdo", de decoração… bonitos de rotunda… de pós-históricos baganhões, de santos antónios e claro… de autoritários cabeçudos mortos.
Há algumas peças de excepção.
Não é apenas Alcobaça que é pobre em estatuária... (será?).
Por fora não há recanto que não reconheça comemoração… homenagem agradecimento, referência, memória. São culturas de coesão.
De Amesterdão deixo-te esta memória - do professor. Também pode ser da mãe em Madrid…
Diz tudo!
Parafraseando uma ”barbeirada” do edil local, penso:
Bons cagadores…
péssimas cagadeiras!
Caro Arte e Liberdade de facto em muitos recantos de alcobaça há possibilidade para encaixar estatuas sobretudo em lugares que são potenciais para alivíos...mas a grande cagada ( desculpe-me a linguagem) está feita e o grande cagador está ai para que todos vejam ou apenas aqueles que quiserem.
Um abraço
CAra Lúcia há muita coisa que nós não sabemos e que se fazem à revelia do povo. O artigo do Rogério Raimundo desta semana é um bom exemplo no sentido da denuncia.
Quanto ao resto está mais que manifesto que este elenco...pelo menos para mim não serve. É dos piores que alguma vez alcobaça teve.
Mascara-se muita conjectura (dinheiros comunitarios e obras sem sentido e que o povo engole como se fossem necessárias como se fossem a grande questão para terra) o problema são as ideias e a criatividade para que alcobaça posso ser alguma coisa...infelizmente não é aquilo que alguns ,entre eles o presidente da camara , o Boby Bonifacio e outros que parecem insuspeitos mas que são do piorio, cosntantemente apregoam.
abraço.
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