Há quem afirme que o Carnaval teve origem na cultura greco-romana por existirem coincidências entre esta festa e certas manifestações culturais semelhantes no mundo clássico. Alguns dizem ser falsa a ideia segundo a qual o Carnaval procede das Saturnais (festas em honra de Saturno). A nota principal destas festas era a inversão do papel das classes sociais. Os servos mandavam nos seus senhores e estes obedeciam alegremente aos seus criados. Outros remontam a origem do carnaval às celebrações Dionisíacas ou aos bacanais dionisíacos gregos, e outros ainda às romanas Lupercais e às calendas de Inverno. Alguns filólogos, também especularam sobre a origem da peculiar festa, mas partindo da etimologia da palavra Carnaval. Como fenómeno social devidamente codificado, o Carnaval, foi a partir da Idade Média uma festa que estruturava um dos eixos da cultura popular. Ao ser dotado de uma densidade simbólica sem outro modelo paralelo, é imprescindível entendê-lo, para quem queira “conhecer” a cosmo visão das classes populares de então. Porque o Carnaval, além de formar um conjunto de ritos e usos mais ou menos estandardizados, era então o expoente dos temores e aspirações do imaginário colectivo da sociedade medieval e era uma arma simbólica contra as injustiças, a desigualdade o terror e uma aposta por um ideal utópico. Até certo ponto o Carnaval era uma peça indispensável no equilíbrio social do jogo de tensões entre as classes dominantes e as dominadas e não era em vão que ambas as classes viam nesta festa uma saudável libertação das tensões sociais latentes e o antídoto às confrontações abertas, pela deslocação dos problemas para o plano do jogo e da representação simbólica.
Na actualidade a política, tornou-se numa contínua liturgia carnavalesca. Ao povo, como sempre, está destinado o papel de bobo. Os partidos e (alguns) governantes transformam-se em meras representações de carácter simbólico, de interesses obscuros que em nada servem os de quem afiguram.
Ao invés, na Idade Média a liturgia carnavalesca além de ter um calendário próprio supunha ainda alterar os aspectos básicos em que se fundamentava a vida, a ordem, a austeridade, a fome e a capa ideológico-religiosa. Tratava-se de uma exortação, nomeadamente naquelas áreas que eram mais objecto de gozo, como o corpo, as relações sociais, a ordem jurídica e eclesiástica, a decomposição, a morte e o nascimento, as hierarquias sociais, o pecado e o delito, tudo isto era submetido a esse escárnio grotesco como forma de fazer todo o confronto muito mais leve...O problema era o dia seguinte tal como na actualidade!
Ps. este texto já foi publicado o ano passado.
18 comentários:
O Carnaval e vivido sempre.
Los governantes se disfrazan de dioses, ponen caretas de incorruptibles etc., y siempre esperan que el pueblo sea el mismo bufón de siempre.
Muy cierto todo lo que dice el post.
A vida real é um Carnaval em que, como diz, o povo é o bobo. Mas, como é todos os dias, nunca há um dia seguinte nem uma quaresma de serenidade. Os políticos, diariamente usam máscara, nem sempre a mesma, com a qual enganam os menos atentos. Náo quero com isto dizer que sejam más pessoas!, pois são uns originais da sociedade, talvez não os melhores, e que se refinam na maldade com sistemas baseados nas piores ambições pessoais que colocam acima de tudo, esquecendo que a finalidade das suas acções devia ser a melhoria das condições de vida do povo que neles vota.
Tudo melhoraria muito se fosse bem definida a lista dos lugares ocupados por nomeação, devendo todos os outros serem servidos pelos melhores portugueses escolhidos através de concursos em que vencessem os mais aptos, honestos e melhor preparados para as funções e que, depois fossem avaliados com rigor pelos resultados obtidos. Para esta avaliação seria necessário uma Justiça impoluta, séria e prestigiada, sem os erros a que se referiu o Director da PJ, que como se infere, devem ser muito frequentes, senão ele não teria dito em público, com tal ênfase.
Enfim, estamos condenados a continuar a ser os bobos da festa, mesmo que contrafeitos!
Abraço, e boas palhaçadas, hoje
Faço referência a este teu artigo, este ano também no Momentos Breve.
Bom Carnaval, Um Abraço Rublicano e Fraterno.
Hola siry bien venida y buen regresoa a tus lides blogosfericas. Te hechava de menos. Los politicos son lo que son y nada mas..como se dice hay que darle pasto a parte.
Menos mal que no soy politico pertenezco a una clase que la OCDE dice que los Portugueses mas valoram...y estoy contento por es.
Un beso en el alma.
António
Amigo A. João Soares se fosse director de um jornal importante poria em destaque esta sua afirmação sobre os politicos "pois são uns originais da sociedade, talvez não os melhores, e que se refinam na maldade com sistemas baseados nas piores ambições pessoais que colocam acima de tudo, esquecendo que a finalidade das suas acções devia ser a melhoria das condições de vida do povo que neles vota" e o seu comentario subscrevo-o na integra.
De verdade e sendo verdade o que tem saido nos jornais e com destaque para un dos ultimos "Publico" a vida politica e a de alguns politicos é coisa mesmo de chafurdar (desculpe a expressão) sinceramente e na minha ingenuidade nunca pensei que assim fosse!
Um abraço
Fraterno
Viva Ludo,
Obrigado pela tua sempre generosidade.
Bom carnaval para ti onde estejas... o meu é a trabalhar duro...professorices!
Um abraço forte e fraterno
António
Olá Amigo António. O carnaval, como em certa parte diz o A João Soares, é-o todo ano, basta ver a panóplia de mexeriquices em torno deste governo, e de outros, que se tem tornado hábito, e por culpa própria dos visados. Mas eu vou falar que este ano, os políticos ontem à noite colocaram os elásticos para complementar as máscaras de cordeiros em corpo e alma de Lobo.
Um tema que quanto a mim me dá suores, é este enriquecimento "hadoc" dos nossos governantes e gestores públicos, sem que ninguém se revolte verdadeiramente contra isso...
Isso sim, é um carnaval... ninguém, pelos vistos leva a mal...
Abraços do Beezz, e visite o meu mais recente espaço, que espero com ajuda de todos, colocar lá boa música, para os demais ouvirem...
http://sonspartilhados.blogspot.com
E o quadro ilustra bem o último pensamento: Depois dos excessos carnavalescos vem o rigor da quaresma.
O pior é que para uns certos senhores é sempre carnaval e para a maior parte de nós é sempre quaresma.
Um abraço e bom resto de carnaval.
belo enquadramento...
Depois do comentário que fez lá no meu humilde canto, deixe dizer-lhe o seguinte, meu caro amigo:
Não sou pessoa que possua um nível académico superior, nem tão pouco um sobredotado, aquilo que sei aprendi com a vida, a ler e a procurar informação, e quero acreditar que a maioria do povo (com 1 milhão, meu deus, de analfabetos) não sabe manifestar os seus direitos, principalmente reclamar por estes. Basta ver, o comodismo, não vão Votar porque a classe política se descredibilizou, esses tais democratas que o seu amigo lhe descreveu, e descredibilizou-se em proveito próprio, as últimas eleições tiveram quase 70% de abstenção, logo só 30% da população elegeu com maioria absoluta o PS. Já assim acontecera na eleição do Durão e Assim irá acontecer nas próximas, com mais ou menos abstenção, mas esta é que verdadeiramente ganha eleições.
Posso não ser tão académico como o Sr. Sócrates, ou como os outros ministros, não sou de certeza, mas sou isso sim, um cidadão atento aos verdadeiros problemas do país, e com sentido de responsabilidade, coisa que esses académicos não o são de certeza absoluta.
Seria eu um bom ministro? Não, nem queria, queria é que quem o é, faça política em prol do povo e para o povo, essa é a chave dum país próspero.
Não podemos dar pancada nos ricos, nem dar pancada nos abastados, mas temos o dever de proteger os fracos e oprimidos, seja de quem for.
Esse é o meu lema, e concordo plenamente com o seu amigo, que com a tristeza nos olhos e a voz embargada, desabafou:
AH PORTUGAL, ESTÁS CONDENADO, É ESTA TUA SINA!!!
Abraços do Beezz
Amigo Beezzblogger, o amigo A. João Soares é um sábio e como observador atento, as suas opiniões são sempre muito acertadas...Essa do enriquecimento ad-hoc é verdade mas há também um grupo de gente de fora do proprio governo que recebe esse dinheiro dos projectos. Nomeadamente as pessoas envolvidas em requaliificações urbanas, empresas particulares envolvidas em formação e no funcionalismo há muito corrupto que pertence aos aparelhos dos partidos portugueses mas provar esse elos de corrupção parece que é dificil em Portugal. Ainda hoje me questiono porque é que o governo não seguiu com o projecto do Eng. Cravinho sobre corrupção...estranho verdade? De facto a vida politica com especial destaque a Portuguesa, por ser aquela que vivemos de forma mais directa tornou-se mesmo num autentico carnaval...não há pachorra!
Um abraço
António
AMIGO PAPAGUENO
subscrevo plenamente.
um abraço
António
CARO LUIS GALEGO,
OBRIGADO PELA VISITA.
E QUE BELO ESPAÇO TEM! RECOMENDO VIVAMENTE.
CORDIALMENTE
ANTÓNIO
Amigo Beezzblogger, subscrevo tudo o que diz porque realmente ninguém é mais do que ninguém, nem um sobbredotado nem um académico, apesar de em Portugal qualquer licenciado ter ares de superioridade a não sei o quê..talvez necessidade de limpeza de sangue? superioridade, desprezo de origens...é um bom tema de estudo que todavia não esta ainda feito.
tocou-me a confissão deste meu amigo porque ele pensa de igual como você e eu sobre o povo Portugues e Portugal...bem portugal não tem culpa...o problema é ser um espaço mal frequentado, como dizia o Ramalho.
Um abraço.
António
Um bom artigo sobre o Carnaval. Tenho pena que o outro carnaval, o dos políticos, não esteja confinado numa determinada quadra, e se estenda por legislaturas, com o seu cortejo infindável de boys and girls num regabofe sem fim.
As imagens foram bem escolhidas, pelo menos tentam subtrair-nos aos pensamentos negativos sobre a governação. Tarefa ingrata...
Abraço do Zé
CARO ZÉ POVINHO,
Diz muito bem e não me tome por Dupont ao pegar na sua afirmação é pena que para aos politicos o carnaval "não esteja confinado numa determinada quadra, e se estenda por legislaturas, com o seu cortejo infindável de boys and girls num regabofe sem fim"....e nalguns casos é mesmo regabofe.
Um abraço
Nas minhas terras dizia-se "Entrudo", em vez de Carnaval!
Caro alcardoso
Esse era o nome mais conhecido. Lembro-me que na minha Aldeia era assim que se definia...mas sobre o ponto de vista filologico ainda não tive a curiosidade de ver as diferenças...
Um abraço
António Delgado
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