segunda-feira, outubro 05, 2009

FREY PIROLITO DE CISTER

Em 1994 foi criada a figura do “Frey Pirolito de Cister”, que teve muito sucesso num dos jornais locais sem tutoria eclesiástica.

Após o Estado Novo, segundo creio , no concelho de Alcobaça apenas houve jornais tutelados pela igreja. A história da imprensa de Alcobaça ainda continua por fazer. A aludida criatura “emergia”da história de Alcobaça, que como se sabe é terra de monges, sendo que certos personagens do folclore local até se vestem de frades para receber dignitários do estado.….Enfim!
O autor do Frey Pirolito de Cister cedo começou a receber cartas de admiradores e de alguns detractores. Havia telefonemas para a redacção do jornal, porque o seu criador tinha a virtude, tanto através de imagens como de escritos, de provocar amargos de boca a certo tipo de mentalidades e àqueles que sempre têm feito de Alcobaça um espaço por vezes irrespirável e absurdo, onde a liberdade individual não se respeita, e onde medram alguns personagens esquizofrénicos, ocultos em aparente anonimato, comportando-se como os bufos delactores dos tempos mais obscuros e tristes da nossa história passada e recente, como no período da inquisição e no da “Outra Senhora”.
Aquilo que em 1994 era criticado ainda está em voga nos nossos dias: o tabu sobre o sexo no interior da Igreja católica e a moralidade que esta instituição apregoa neste campo. Qualquer pessoa minimamente atenta à natureza humana se indigna com os escândalos de índole sexual dos clérigos católicos, à excepção dos transgressores do voto de castidade. Este é a causa de alguns dos males desnecessários existentes no interior da Igreja católica. Basta recordar, por exemplo, a história da religiosa Marta O´Donohue, coordenadora do programa sobre a Sida da Caritas Internacional e do Fundo Católico à Ajuda e Desenvolvimento, que denunciou em 1995, violações sexuais feitas por padres sobre noviças, em 23 países e que o Vaticano reconheceu existirem; as histórias de pedofilia relatadas frequentemente em jornais e televisões; os escândalos financeiros e as incursões da igreja católica na política do estado.

Valha-me Deus….. Santíssima!

Quem me conhece, sabe que tive educação católica e que não abdico dos seus princípios, mas também sabe como sou intransigente com valores. Preocupa-me ver, na minha terra, cidadãos com veleidades políticas invocarem persistentemente a Igreja Católica para almejar os seus intentos. Fazem-no possivelmente para encobrir sandices, já que a ética pessoal, por muito que se esgravate, não se encontra . Que dizer de quem acoita semelhantes marombistas ou de quem os tutela?
Recordando o desenho, que é o que interessa neste caso, tanto no presente como no passado ele continua actual.

9 comentários:

Unknown disse...

Ora aqui está um comentário inteligente a uma realidade crua sobre a igreja.
Infelizmente, os valores éticos, morais e até católicos raramente se encontram em beatos e beatas.
E não se encontram, com certeza, nesses politicos que sempre viveram à conta da igreja.
Mas tão grave como isso é quem publicamente vem dizer que tem uma mais-valia na sua equipa em sinal de intima convergência.
cumprimentos

Cila disse...

Olá António!
Este texto está muito bom.
Ele põe o dedo nas feridas de uns e abre os olhos de outros.
A verdade vem sempre ao de cima, haja coragem para denunciar comportamentos reprováveis e pouco dignos.
Afinal as críticas construtivas contribuem para crescermos e evoluirmos!
Bjo

Unknown disse...

Entre todas as religiões e entre todas as confissões (variantes teológicas dentro duma religião)a Igreja católica é a única em que existe o celibato do clero secular. No islão e no judaísmo, o celibato (homens e mulheres solteirões) até é sintoma de pouca santidade. O casamento confere «qualidade» aos clérigos e aos serviçais dessas religiões, confissões ou igrejas. O mesmo para a virtude da castidade. As outras religiões não conferem valor salvífico à abstenção sexual Na Igreja católica é o contrário: o celibato é que é a perfeição e a abstenção sexual confere a salvação. Claro que isso não tem justificação bíblica ou evangélica: vem dos princpios da Igreja Católica e do seu modo de funcionamento e de posicionamento, da época, como uma seita fora do mundo, marginal, em conflito com as outras religiões. Depois, na Idade Média, com toda a sua mística de abstinência e de sofrimento, acentuaram-se essas «qualidades». Nada impede um clérigo católico de se casar. O problema é da hierarquia, dos concílios (papa e cardeias)onde isso teria de ser decidido: como esses elementos decisores são mais velhos e idosos, e como eles não usufruiram da liberdade sexual e matrimonial, proibem-nas aos mais novos. É uma vingançazinha muito própria da gente humana e vulgar: «Se eu não gozei desses prazeres, eles também não os terão; têm de sofrer como eu sofri». Tal é segredo do celibato dos padres. Uma bela hipocrisia. É claro que o celibato e a abstinência sexual já seriam compreensíveis para frades ou monges e freiras.

Anónimo disse...

Olá amigo António,
Adorei este teu Post e da maneira que abordaste este tema.
Tema que faz temer os temerários da religião católica...
O lema "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço", aplica-se e muito bem a estes senhores do clero.
Concordo inteiramente com o comentário do Sr. Moisés, o que me leva a desacreditar na grande maioria dos ensinamentos tradicionais baseados na religião.
Será que tudo não passará de um gigantesco mito, iludindo as pessoas, lavagem de cérebros, impingindo crenças "que não deveríamos questionar".
Em quanto há pessoas a morrer à fome, estes senhores do clero sentados em poltronas revestidas a ouro, usam a religião para consequentemente enriquecer cada vez mais.
É esta a religião que acreditamos?
É esta a religião que proclama os direitos humanos, a igualdade ou sou eu que estou daltónico e oiço mal?
Muito mais teria para dizer, fica para uma outra ocasião.

Cumprimentos

Maria Cristina Quartas disse...

Xiii...essa doeu! Não é nada comigo, mas doeu!Olhe lá Dr. António Delgado, a inquisição ainda não desapareceu de todo!Cuidado!
Aiii...assim juro que voto em si!
Já é tempo de acabar com os malabaristas e de tapar o sol com a peneira.
Chega! Basta de misturar politica com religião, de misturar interesses pessoais com interesses colectivos, de viver de hipocrisias e falsas moralidades. Vivemos no séc.XXI, "século da luz"... cabe a cada um de nós dar um passo para a mudança. Não há maior cego do que aquele que não quer ver. E viver toda a vida com uma lente desfocada de menor ampliação... é o mesmo que andar cego. Aliás, pior que isso!
Desculpe lá, sei que não gosta de touradas mas há que enfrentar o "touro pelos cornos"!
Estou consigo nessa postura de vida.
Força amigo!

Unknown disse...

A sexualidade é como a hidraúlica: se se impede o caminho normal dum fio de água, acumulada esta, rebenta noutro sítio. Ninguém a consegue deter. Há possibilidades de sublimação da sexualidade (Freud estudou bem isso). A espiritualidade é uma dessas possibilidades. Mas não chega ou nem sempre se consegue sublimar completamente. Mais cedo ou mais a tarde, a sexualidade reprimida pode rebentar em actos, gestos, pensamentos, etc., alguns dos quais fazem estragos. A sexualidade do clérigo é encaminhada para a sublimação espiritual. Mas ela rebenta nos afectos para com as crianças duma catequese ou dos jovens escuteiros, nas palavras dirigidas às mulheres ou aos homens nos confessionários, aos meninos de coro, etc, podendo originar abusos, violações e crimes.
Os cintos de castidade usados na Idade Média pelas mulheres cujos maridos se ausentavam para a guerra santa não impediam os pensamentos e os delírios eróticos, por vezes perversos. As história do Unicórnio (que violava as mulheres com o seu único corno) são conhecidas. As imagens do Menino Jesus (muito bem tratadas nas celas das freiras) e a de Jesus jovem e bonito das igrejas, eram objectos de desvio, de sublimação da sexualidade feminina. Não conhecem a vida de Santa Teresa de Ávila? Ela conhecia orgasmos - fisiológicos - nos seus enlevos místicos, quando dialogava misticamente com Jesus, sentia-se «atravessada» por uma lança («Ai filhas: não vos posso dizer mais nada...»).

A sexualidade é uma qualidade natural. Porque é que Deus há-de premiar a abstinência sexual se, no dizer dos teólogos, foi ele quem criou a Natureza? Viver a sexualidade «normalmente» (de mútuo acordo, de forma a respeitar o outro) podia ser uma maneira de louvar o Criador. Há cultos hindus em que a forma de chegar ao Criador é a sexualidade (hinduísmo tântrico).

Já é tempo de acabar com esta hipocrisia da castidade católica. Por debaixo dum paramento eclesiástico pode esconder-se muito pecado contra a castidade (já que - mas isto é certo - muita frustração sexual se esconde). Nos casos que o António refere, o que se esconde por debaixo duma batina sacerdotal, é o crime.

Adelino Granja disse...

António,
Dá-lhe com força!
Não quero, por ora, ir ao pormenor de um processo onde ambos iniciámos a tentativa de criar uma verdadeira frente de Esquerda para derrubar a Direita em Alcobaça.
Ambos fomos traídos, mas eu escapei-me a tempo.

É que, se me tivesses acompanhado na "fuga p'rá frente", talvez hoje integrasses uma lista de candidatos à AM de Alcobaça.

E se a tua voz é necessária!

Só não me acompanhaste nessa "fuga" porque estavas mais amarrado à confiança que depositaste no líder de tal movimento. Foi pena...

Esse movimento, que se pretendia de Esquerda, veio a encalhar numa extrema direita que poderá ter mazelas muito irreparáveis para a Democracia em Alcobaça.

Talvez esta experiência nos permita avançar com um projecto mais promissor para todo este concelho.

Um abraço, e continua o teu trabalho que coloca muitos dos ditos honestos e democratas, de rastos...

Maria Cristina Quartas disse...

É necessário, muitas vzes na vida, saber-se perder hoje... para se ganhar amanhã.
Um bom politico, não é aquele que faz "politica". Mas sim, aquele que vive com alma pelo bem dos outros, da sua comunidade e pelo Todo.
Duma forma tranquila, serena... sempre.

Um forte abraço e força!

Ema Pires disse...

Gostei muito desta postagem, porém deixou-me de muito mau humor. É que falar da Igreja sempre me deixa de mau humor. O que eu não entendo é que ainda tenham adeptos e adeptas, depois de tudo o que fizeram ao longo dos séculos e continuam a fazer. Além da pederastia e outras muitas incongruências para gente tão “santa”, está também de se meterem na política e até na sexualidade das pessoas. Quando foi a guerra do Iraque, fui a muitas manifestações contra a guerra. Fomos insultados por gente da Direita católica que encontrava normal e até uma boa ideia essa horrível guerra.
Outra incongruência: Estão contra o aborto, porque se mata um ser que não nasceu, mas podem-se matar uns que já está crescidos e vivos, assim como os seus pais e mães e avós.
Bem, espero que a pouco e pouco as pessoas são cada vez mais instruídas e já não podem acreditar nessa gente.
Beijinhos