segunda-feira, dezembro 10, 2007

"HÁ MOSQUITOS QUE TÊM DE SER AFASTADOS DA VIDA PÚBLICA"







Ao contrário do habitual, farei um desvio nos temas das minhas crónicas para comentar uma frase do presidente da câmara de Alcobaça (Dr. Gonçalves Sapinho) merecedora de observação, porque, como crítico que sou em relação às políticas daquele elenco camarário, sinto-me atingido por ela, em virtude de me sentir incluído no grupo a quem ele se referia. O presidente da Câmara de Alcobaça não se destaca pelo seu temperamento democrático para com quem discorde dele, não admite outra voz que não seja a sua, tem horror ao silêncio e, se não se ouve falar a si mesmo, deixa de existir. Um caso muito comum e típico na politica de certas pessoas “construídas” na tirania, nomeadamente na América Latina.

Em Alcobaça impera o medo das pessoas se expressarem livremente, facto que é compreensível se tivermos em linha de conta que a terra padece daquilo que em gíria sociológica, ou mesmo antropológica se designa por “espírito de freguesia” ou “conspiração do adro”. Uma realidade bem enquadra nas características físicas e culturais de certas pessoas de Alcobaça.

As ciências sociais e humanas, tal como a investigação, têm como objectivo tornar mais compreensível o meio em que se vive, e cabe ao investigador ajudar a descobri-lo. O investigador que vive nesse meio ou conhecendo-o, toma uma moderada distância e dá um passo atrás para poder examinar melhor as atitudes, os discursos e as suas práticas, e mede as forças que se encontram na sua estrutura social. Um trabalho que é meticuloso e paciente e, quando é generoso, ajuda a entender as categorias, aspectos e raízes que impulsionam as acção de uma comunidade. Como estudo ou opinião, dão a mediação critica que apoia a compreensão do quotidiano mais imediato, no sentido de poder melhorá-lo ou corrigi-lo.

No entanto a acção quotidiana e o discurso político ou institucional que a conduzem são habitualmente hostis à atitude reflexiva. Aquelas impõem-se pela demagogia, o espectáculo ou o efeito, para criar suposições, sem olhar a custos ou sem investigar causas e efeitos, como é norma em sociedades pouco evoluídas que sobrevivem de subsídios ou fundos, quase como caridade externa. Nestes casos a acção quotidiana e o discurso normativo assentam no protagonismo de um patriarca que, por norma é, nos meios pequenos, um inculto e um “saloio deslumbrado”, como dá a entender ser o presidente da câmara de Alcobaça, pelas atitudes que o têm caracterizado. Mente sistematicamente, como foi acusado por um presidente de junta e afirmado em jornais locais. Não declarou os impostos durante sete anos e desculpou-se dizendo que foi para umas termas. Chama “talibans” aos turistas que visitam Alcobaça. Gasta o dobro dos dinheiros e compromete o futuro do concelho numa “reconfiguração urbanística”. Gabou-se que dorme nas viagens de trabalho. Não se preocupou com a população, no sentido de a defender na eventual passagem do TGV por terras do concelho e, ainda é grosseiro no trato para com aqueles que o contrapõem, como expressa o título deste texto decalcado de uma sua afirmação publicada no Região de Cister 2/11/2007.
Neste aspecto, os jornais de Alcobaça são verdadeiras fontes para entender o espírito tacanho que governa o Concelho, pois parece que, quanto mais ignorantes são alguns dos políticos locais (em Alcobaça estas palavras são sinónimas), mais eles gostam de sair nas páginas da imprensa local dando corpo àquilo que em gíria se define pelo “jet set provinciano”...
Talvez seja por isso que o discurso sossegado e paciente, ou a informação elaborada, se convertem numa necessidade que tem, no entanto, o inconveniente de causar amargos de boca a este fenómeno social que são os políticos do calibre do Dr. Sapinho e quem o sustenta. Os propósitos do Dr. Sapinho são apenas poder, sem base ideológica ou politica, sem escala de valores ou ética que lhe dê sentido, conteúdo e transcendência. Como no ditado popular que refere “entra mosca ou sai asneira”, com este político, cada vez que abre a boca, “sai asneira e saem mosquitos”. Artigo publicado no Jornal de Leiria em 6.12.2007


Lamenta-se que o presidente da Câmara de Alcobaça chame nomes aqueles que discordam das suas ideias e praticas politicas e afirme que os críticos têm de ser AFASTADOS DA VIDA PUBLICA. Creio que nem Hugo Chaves ou Putin, só para dar estes exemplos, ousariam ser tão primários ou terem a veleidade de afirmações semelhantes. Uma vez mais se demonstra o tipo de pessoa a quem o concelho esta entregue bem como o seu genuíno nível INTELECTUAL, CULTURAL E MORAL... O nível deste politico do PSD e também das figurinhas de papel do mesmo partido que o “coadjuvam” no governo do concelho e no sustento destas afirmações.

segunda-feira, novembro 19, 2007

EM VIAGEM




Estou fora mas tentarei actualizar esta postagem conforme a disponibilidade.

Boa semana.

Adoro viajar! É uma actividade que exerce em mim uma enorme atracção. Ajuda-me a narrar historias sobre o que vejo e não conheço e a teorizar para perceber o mundo e a realidade que são cada vez mais globais e menos locais.

Por imperativos académicos o meu destino foi Bilbau, cidade peninsular posta de moda nos últimos tempos. Esta postagem pretenderá ser uma espécie de crónica de viagem, mantendo deste modo vivo os Ecos nos dias de ausência. A diário colocarei novas imagens e textos nesta mesma postagem.


Gijón dias 19/20

Fui a Gijón pelos mesmos motivos que vim a Bilbau (questões académicas). Esta cidade asturiana esta a 300 km de Bilbau e é também uma cidade de características marítima. Da Janela do hotel onde fiquei: Hotel Astúrias, um clássico da cidade situado na praça Mayor. Desfruta-se uma magnífica vista sobre o mar e a praia mas essas vistas são muito mais aprazíveis pelo passeio construído ao longo da orla marítima. É com algumas imagens da Baia e arquitecturas da cidade que vos deixo por agora. Num apontamento simples.





Janela do quarto no Hotel Asturias. Fui despertado pelas nove numa manhã um pouco cinzenta, sem chover.



Vista parcial do passeio marítimo com um ar nubledo e cinzento.



A cruz acaba por ser um elemento simbólico muito presente na iconografia de Gijon mas também em todas as Asturias.



Pessoas a contemplarem o mar que estava muito bravo neste dia 20: são mais ou menos as 11h da manhã.


Vista do mesmo passeio tal como as imagens seguintes.





PAUSA!




Retemperar forças com um Rioja reserva acompanhado por um "pincho" por acaso muito gostoso. Num bar muito curioso chamado O Convento, decorado apenas com iconografias de santos e paramentos de igreja.

Detalhe do bar.


Roupas de padres para cerimónias religiosas.

Há, por estes dias, o festival Internacional de Cine de Gijón. Como em anteriores mostras tem um programa muito interessante com a vinda de actores e realizadores de renome.

Edificio do Banco de Gijón

Um edificio carateristico da cidade, junto a um espaço de aluguer de bicicletas para visitar a cidade. (COPIEM A IDEIA)


Gosto de visitar os mercados e ver montras, tanto uns como as outras, dizem-me muito de aspectos muito concretos de uma cultura tais como a higiene e os seus graus de saúde publica, pela forma como mostram os alimentos e pela limpeza dos espaços onde eles se exibem . As montras uma pouco dos hábitos e estética dos seus habitantes e a cultura em geral. Esta é uma imagem de um dos mercados da cidade designado por "Mercado del Sur".

LIMPIAS (Cantabria) 21.10.2007


Depois do regresso de Gijón, acordei pela manha e, após tomar o pequeno almoço nao resisti em dar um passeio pelo "muelle" e ver o ambiente natural que tanto me tem inspirado para alguns dos texto que já publiquei neste blog e algumas das imagens que os têm ilustrado. O lugar é de protecçao ecologica onde muita gente vem aos fins de semana mostrar às crianças as aves e especies protegidas que por aqui habitam ou estao de passagem. Foi assim que encontrei Limpias faz quinze anos, quando vivia permanentemente em Espanha tendo-me mudado de Bilbau para este lugar que considero um paraíso.

Vistas da janela do quarto

Passeio junto à ria

Passeio junto à ria

Barcos de recreio

Paisagem

Barcos de recreio

Barcos de recreio

Pequeno afluente no rio Assón

Ao fim de uma hora, depois de desfrutar destas paisagem natural e ímpar longe de qualquer reboliço, voltei para casa a fim de continuar a trabalhar nos meus afazeres.

sábado, novembro 17, 2007

ESTADOS TRADICIONAIS OU PRÉ-MODERNOS


PORTUGAL É UM PAÍS QUE DESFRUTA DUMA AFIRMADA COESÃO NACIONAL E SOCIAL NO ENTANTO NÃO PRIMA PELA JUSTIÇA SOCIAL NEM PELA JUSTIÇA POLITICA, E NÃO PODEMOS AFIRMAR PEREMPTORIAMENTE QUE SEJA UM PAIS DE DIREITO. UMA DAS PROVAS É O MAU FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA


bom fim de semana.

terça-feira, novembro 13, 2007

FRADES NO GERAL E OS DE ALCOBAÇA EM PARTICULAR


São Bernardo e a virgem
Alonso Cano. Museu do Prado

O texto que se segue foi deixado pelo Jorge Casal como comentario à postagem anterior, por considerá-lo pedagógico ,decidi fazer dele uma postagem. O Jorge editou-o igualmente no blog: Cultura Popular.

" Há hoje uma visão romântica da vida monástica que leva a pensar que, dentro dos muros dos conventos, era só pureza, oração, bondade e rectidão. Esquece-se que o conceito moderno de «vocação religiosa» podia não existir. Ia-se para o convento para fugir ao trabalho assalariado, à miséria económica, ao previsto abandono na velhice e às previsões de doenças sem assistência. No «mundo» (na vida secular) não havia protecção social nenhuma contra a pobreza, a doença, a velhice, o desemprego, o abandono familiar, a orfandade, etc. O convento era um reduto de «alta protecção», a todos os níveis. Ainda nos anos 50 e 60 do séc. XX se ia para os conventos para superar as previsões de miséria. Um frade era um privilegiado, «um senhor», um príncipe, face à dureza das condições do meio social que envolvia o convento.Sobretudo, não esqueçamos que, desde a Idade Média até ao sec. XIX, os conventos também eram o local onde os pais depositavam os filhos/filhas que eles deserdavam, ou 1) porque vigorava o sistema do morgadio (só um filho/filha herdava o património) ou 2) porque, sendo o património escasso, «não chegava para todos». Então, alguns tinham de ir para um dos inúmeros mosteiros (os pais é que decidiam qual deles tinha esse destino, e qual o mosteiro... e não se podia desobedecer aos pais)..Depois havia as filhas aí postas à força para as contrariar nas suas escolhas matrimoniais. Os mosteiros de mulheres eram sobretudo sítios de sequestro das raparigas desobedientes. Isso aparece em toda a literatura do passado. Pelo efeito destes vários factores, no séc. XVIII 10 % da população portuguesa residia nos conventos. A fuga do convento era punida com prisão, excomunhão e banimento. O frade «egresso» (fugido) tornava-se um vadio anónimo que ia engrossar as quadrilhas de ladrões de estrada. Conclusão: um convento era um sistema de protecção social contra a miséria, a doença e a velhice para uns, um destino inelutável para outros, e uma prisão para a maioria. Também havia muitos delinquentes que ingressavam «nas ordens» para fugir à justiça. (não havia Polícia Judiciária como hoje nem Interpol... ) enquanto os conventos não podiam ser investigados pelas autoridades policiais ou civis).A partir destas condições sociais, um mosteiro era um refúgio de inúteis, preguiçosos, frustrados, réprobos, com - como é evidente - algumas «almas boas» pelo meio. Não admira que também houvesse traficantes de toda a ordem. A vida no interior não era «pera doce»: os conluios, as tramóias e as manigâncias de uns contra os outros, tanto os havia nas aldeias como nos mosteiros. Um convento podia ser um saco de gatos, um ninho de cobras ou um cesto de lacraus. Desde os sécs XVII.-XVIII, a vida monástica entrou em decadência acelerada. Os frades já não viviam exclusivamente nos mosteiros. Muitos passavam as noites nas tabernas e no fado. Muitos passavam os dias nas casas particulares, auto-nomeavam-se «educadores ou confessores da mocidade» ou dos ricos, das suas senhoras ou filhas, etc. E, se os da casa que não aceitassem o confessor intruso, eram denunciados à Santa Inquisição como… «luteranos» (facílimo levar alguém à fogueira!). Outros vagueavam pelas ruas das cidades, inclusivamente a provocar os (melhor: as) transeuntes. Ou, ainda, percorriam o País (dum mosteiro a outro) usando as estalagens (sem pagar) ou assaltando as propriedades. Enfim, para não me alongar sobre este sub-mundo de parasitas, proponho a leitura dos «relatos de viagens» dos escritores estrangeiros, nos sécs. XVII e XVIII, publicados pela Biblioteca Nacional («Série: Portugal e os Estrangeiros») no que eles se referem aos frades e ao clero.Espero que os românticos defensores da pureza monástica me apontem meia dúzia de monges de Alcobaça - só meia dúzia, desde a fundação até ao fecho - que se tenham notado pela sua santidade.. mas a verdadeiramente cristã, incontestada, sem mácula, a do amor ou abnegação ao próximo"


domingo, novembro 11, 2007

OS MONGES DE CÍSTER E A PROTECÇÃO DE CRIMES (SEC. XVIII)


Lisboa em 1755 sofre um enorme tremor de terra que a destruiu em grande parte. Era então ministro de Portugal o Marquês de Pombal e caiu sobre os seus ombros a tarefa de restabelecer a normalidade da capital Também teve a responsabilidade de reconstruí-la. Imaginem o que seria aqueles dias seguintes à tragédia em que havia muitas emoções descontroladas: umas para gerir e outras para consolar. Gente sem casa, sem comer, as actividades económicas estavam estranguladas. Havia sinistrados de todo o tipo para socorrer, milhares de mortos para enterrar. O perigo de epidemia era eminente. Tinham de tomar-se medidas urgentes no sentido de racionalizar e distribuir os viveres e todo o tipo de recursos essenciais. Evitar os roubos e açambarcamentos e o contrabando para que a situação não se torna-se insustentável. Em jeito de síntese estas foram parte das medidas tomadas pelo marquês que mesmo assim teve de fazer valer a mão de ferro para castigar exemplarmente as veleidade de alguns oportunistas da situação.

Muita da impopularidade deste estadista, sobretudo em certos meios, surge pela via do ressentimento dalgumas camadas sociais, já que para estabelecer a ordem social num momento de particular transcendência no reino, teve de actuar contra os seus privilégios.

Como pessoa carismática e de convicções não pensava duas vezes, ao contrário dos políticos dos nossos dias, já que não estava limitado por estratégias de partido nem por alianças, nem utilizava discursos circulares adornados com sorrisos pepsodente repletos de interjeições com sins ... talvezes... acho que ...vamos ver .... ou frases tipo: “ a Planificação central sistemática... A Flexibilidade, dimensional equilibrada... ou a Estratégia, funcional combinada..., que além de não dizerem rigorosamente nada, são ainda sistemas de linguagem complicados que facilitam o distanciamento e o respeito dos ignorantes a quem as profere e conferem fama de doutos a quem assim se expressa. Mas o seu alcance ou conteúdo é absolutamente nulo.

Para os exegetas da cultura fica a dúvida se foi o terramoto que fez sobressair o papel do marquês ou se esta catástrofe bloqueou a sua acção, no sentido de fazer reformas muito mais profunda que alterariam por completo as estruturas culturais do pais. A questão surge sempre porque a cultura política social, económica e cultural iniciada por ele, não criou escola e após a sua destituição assistiu-se ao fenómeno que em linguagem freudiana se designa pelo regresso dos recalcados.

Das muitas medidas que tomou, algumas pretendiam acabar com determinados aspectos de imunidade que a igreja católica possuía, sobretudo em relação aos delinquentes, dado os espaços dos templos serem também zonas francas para albergue de certo tipo de criminosos, onde a lei secular não se atrevia a entrar. Aí gozavam de plena imunidade! Imaginem o que seriam aqueles lugares frequentados por este tipo de gente, como as constituições sinodais nos revelam e os negócios negros que ai se faziam à conta de roubos e tráficos de determinadas mercadorias. Os espaços deviam de ser comparáveis aos Casais Ventosos da actualidade onde até se permitiam construir barracas para viverem. A sociologia do crime tem muito que estudar em Portugal, e em Alcobaça nunca se ouviu falar sobre a história da sua criminologia.

A nota que hoje publicamos é o original de uma carta enviada pelo Marquês de Pombal ao abade do mosteiro e expressa medidas que o governo de Sebastião Carvalho e Melo tomou a seguir ao terramoto, para limitar a acção criminal dos que nele se acoutavam. Penso que a carta seria uma norma para todos os espaços religiosos do pais.

Na sociedade do antigo regime as cumplicidades entre a igreja e determinado tipo de crimes são muitas. Além dos aspectos daqueles espaços religiosos serem de protecção para homiziados. O delito de contrabando foi praticado por algumas ordens religiosas devido ao monopólio que tinham de certo tipo de comércios, provenientes de colónias na América latina, África, Índia como por exemplo a companhia de Jesus. Em Espanha, França, Inglaterra e Itália, este tipo de investigações há muito que não são nenhuma novidade e são um meio mais de se conhecer as estruturas e o dia da sociedade do antigo regime. A ordem de Cister segundo creio tinha domínio sobre os portos da Nazaré e S. Martinho. No século XVII e XVIII a grande mercadoria de contrabando era o tabaco.

Cópia de uma carta que em nome de sua majestade mandou ao N.Rmo. o secretário de Estado Sebastião e José de Carvalho

Sua majestade com o urgente motivo da devassidão , e que contra as suas leis, e ordens e contra antigos forais e estabelecimentos das alfândegas destes reinos se tem escandalosamente repetido o delito de contrabando; buscando-se asilo para ele até em alguns conventos e casas religiosas: para mais eficazmente obviar um crime tão e prejudicial ao seu real serviço, e a o bem público dos seus vassalos: foi servido acrescentar as suas providencias que antes havia dado sobre esta matéria, proibindo e ordenando ao mesmo tempo ; não é por via de jurisdição; e mas sim de direcção e de necessária defesa dos seus vassalos, e de conservação e do bem comum dos seus reino: que nem ainda nos conventos e casas religiosas se recolhão e os ditos contrabandos e os contrabandistas, que os fazem: e quem nos casos de contravenção e possam os ditos conventos e casas religiosas, onde se recolherem os mesmos contrabandos e contrabandistas ser buscados não só pelo juiz conservador geral da junta de comercio; mas também pelos outros ministros criminais, perante quem se denunciarem os contrabandos, para fazerem as oportunas apreensão nas mercadorias descaminhadas, e nas pessoas dos descaminhadores: casos nos quais os eclesiásticos que houverem dado favor aos ditos contrabandos; serão pela primeira vez exterminados quarenta léguas fora dos lugares em que os tais casos sucederem; pela segunda vez removidos para a distancia de oitenta léguas dos mesmos lugares e pela terceira vez serão lançados fora destes reinos, como incorrigivelmente prejudiciais ao bem comum deles, e ao sossego publico, que resulta observância das leis , a que os mesmos eclesiásticos costumes e devem de dar os mais louváveis exemplos. e tudo o referido manda S. Majestade participar a V. Pe. Rma. esperando da religiosidade e do zelo de V.Pe. Rma. que assim o fará observar inviolavelmente a todos os seus súbditos e muito especialmente aos prelados locais; declarando-lhes expressamente que serão eles os responsáveis nos casos de recolherem nas casas e conventos da sua administração os referidos , ou quais quer outros criminosos com o escandalo que resultaria da contravenção não só deste aviso; mas de todos os outros que ao governo ao governo da religião de V. Pe. Rma. se tem feito sobre esta matéria em repetidos actos desde o reinado do senhor dom Pedro segundo até agora os quais avisos V.Pe. Rma. mandará renovar com este nos livros dos registos modernos de todas as casas da sua filiação para se excitar assim melhor observância do conteúdo neles”.

A carta vem de Belém com datado de 25 de Novembro de 1757. e é assinada por Sebastião José de Carvalho e Melo. e dirigida ao D. abade da congregação de S. Bernardo” B.N.L. Cod. Nº. 720. Folha 19 (reservados)
António Delgado: in semana cisterciencse 1999.

quarta-feira, novembro 07, 2007

MOSTEIRO E FRADES; VIVENCIAS NO SEU DIA A DIA!

Normalmente pensamos que no tempo dos frades a clausura monástica seria um modo de vida muito seráfica e enlevada e que todos aqueles que se recolhiam nela praticavam a oração e a contemplação no seu sentido mais sublime e extático. No entanto começa a ser manifestamente sabido que afinal não era bem assim e que essas ideias estão longe de ser verdade e servem até para distrair sobre aquilo que realmente era o dia a dia dentro das casas monásticas, além da oração. Se nos nossos dia se sabe que no Vaticano ocorrem assassinatos por causa de amores e ciúmes homossexuais, imagine-se aquilo que se tem ocultado. Por outro lado a vida de um mosteiro, como a que Humberto Ecco reinventou no romance “O Nome da Rosa”, era muito mais real do que possa parecer.

Nos séc. XII e XIII quando se assiste à grande expansão da ordem de Císter, há muito que a pureza da regra de S. Bento de Nursia estava corrompida, e quando a ordem se representou em Alcobaça, com alguns dos seus frades, o principio Ora e Labora hà muito que tinha sido posta gaveta, tal como o socialismo dos nossos dias. Naquele tempo a ordem de Císter já era um império monástico e padecia o relaxamento da austeridade e do enriquecimento. Tinha-se convertido num potentado económico e num centro de tráfico de influencias. Se não fosse por esse centro de influencias não sabemos o que seria hoje o Jardim à beira mar plantado. Todos sabem que D. Afonso Henriques comprou as influências de Bernardo do Claraval com a doações de terras à sua Ordem.Bernardo de Claraval como presidente da multinacional Ordem de Císter representava naquele tempo o que representa hoje um presidente de administração de um qualquer império económico, como Bill Gates da Microssoft. Tinha poder para exercer muita influencia junto do Papa para que este reconhecera Afonso Henriques como rei. Neste sentido é curioso ver na linguagem dos cronistas o uso do termo promessa para designar o negócio, a troca de favores ou interesses entre D. Afonso Henriques e S. Bernardo. Os discursos subliminais sempre fizeram parte das ideologias ou dos desígnios obscuros, e a fundação de Portugal foi envolvida por um ar brumoso, místico, divino e esotérico como convinha e parece continuar a convir; só que para a ciência todas aquelas crónicas são meras curiosidades!O síndroma da promessa continua arreigado nos genes da cultura política, tal como no passado. A bitola discursiva de qualquer candidato continua a utilizar a promessa como engodo para o seu interesse. Dão-me o vosso voto e eu dou-vos o que vos prometo... se ganhar! A existência do “SE” pode tornar tudo nulo. A generosidade e o altruísmo dos políticos baseia-se nisto. Outro exemplo desta generosidade vê-se quando o comum dos mortais promete à Virgem Maria ir a Fátima a pé se lhe sair o totoloto, se não sair não vai e a promessa fica sem efeito. Este tipo de fé assente no interesse e na chantagem é sinónimo do altruísmo do tipo de políticos descritos. Ambas expressões são o mesmo vector de uma filosofia: a “INTERESSELOGIA”. Toda a cultura ocidental parece que assenta nela. A chamada lei da retribuição fez o dia a dia das mortais simples jogatanas de interesses, por isso as religiões fundadas em sistemas de compensação parecem ter os dias contados. Assim a fé tal como a política não se constituem na generosidade nem no altruísmo, a fraternidade ou solidariedade desconhecem-se, e são o toma lá dá cá de um comércio sucateiro ou da venda da alma ao diabo. Feito o comentário vejamos nos ecos um aspecto da vida dos monges no interior do mosteiro de Alcobaça ou nas casas da ordem de Císter, que era a prática dos jogos de Parar. Estes jogos eram realidades lúdicas ilícitas por serem jogos de apostas. Na gíria dos nossos dias têm a designação de jogos da batota, montinho e cartas e são práticas criminosas, tal como sempre foram. O extracto do texto que publicamos pertence às regras do capitulo, do séc. XVIII e diz o seguinte:

“Recomenda Mto. o capitulo ao N.R.mo. e a todos os m. R. dos Pes. Dons Abades a observância da lei do capitulo geral de 1726. e da junta de 1728 sobre a proibição do jogo, e as restrições, compº. somte. se devem permitir os que são lícitos, e em nenhum caso os de Parar; os quais o capitulo proíbe absolutamente a todos os monges da nossa congregação e lhes manda com preceito de obediência que nenhum seja ousado ao jogar nem dentro nem fora da clausura”.
Para uma hermenêutica da cultura e da sociologia, as leis enquanto objecto de estudo sociológico, são práticas culturais e tanto aquilo que proíbem ou aquilo que estabelecem têm o mesmo valor. Não é por se proibir roubar que deixa de haver ladrões ou que as cadeias não estejam cheias deles. Do mesmo modo que por se declarar legalmente os impostos não se esteja a defraudara a lei; recorde-se casos até recentes acontecidos com ministros. Os dois aspectos da lei são demonstrações espontâneas da cultura, logo fazem parte dos costumes.Imagine-se então o animado que era o interior do mosteiro e ver os monges pelos cantos, ao fundo das adegas, atrás das vasilhas, em lugares pouco iluminado, nas cavalariças ou a levantarem-se de noite, às escondidas, para irem jogar à batota. Imaginem também um grupo de frades que “arroupava” estas proibições. Se no interior do mosteiro se constata a existência desta prática, fora dele os religiosos também se entregavam ela , porque a regra do capitulo é clara: tanto proíbe o jogo dentro como fora da clausura. As constituições sinodais excomungavam os religiosos que jogavam aos jogos proibidos.O jogo, enquanto aspecto lúdico na convivência entre os frades e da vida monástica era importante, porque surge legislado pelo capitulo e esta assembleia eclesiástica dedicava-lhe normas estritas e com variantes permitidas. Pergunto quais seriam então os jogos com que os frades se podiam divertir? escondidas? pingarito? cabra cega? adivinha toleirão? à sardinha? aqui vai o lenço aqui fica o lenço? Á malha, ao “pé cochinho”, aos três cantinhos...? Sinceramente não sabemos nem nos interessa por agora o que a regra nos permite saber é que por detrás das grossas paredes e pesadas portas dos edifícios monacais se ocultava entre outras coisas um mundo de pândega e vicio, e sobre o ponto de vista da cultura isso é muito mais importante porque nos permite desmistificar os estereótipos com que se estrutura o obscurantismo.
Ps. Este artigo foi publicado na Semana Cisterciense en 1999.



domingo, novembro 04, 2007

MORDIDO PELOS MOSQUITOS (JOGO)





"HÁ MOSQUITOS QUE TEM DE SER AFASTADOS DA VIDA PUBLICA"

Gonçalves Sapinho, presidente da Camara municipal de Alcobaça, em conferencia de imprensa; 29/1/2007. In Região de Cister 2/11/2007

Este jogo parece inspirado no estado em que terá ficado o preclaro presidente da camara municipal de Alcobaça, ao tentar afastar alguns dos mosquitos da vida pública local. Pelas imagens e pelas palavras e segundo se vislumbra, a esteticista não terá, proximamente, mãos a medir ...olhe o lifting senhor presidente, olhe o lifting que breve lhe será feito!

PS. uma leitora identificada pediu para deixar esta observação nesta postage:

"O que eu ri. O nosso "inimigo" é o nosso maior mestre. É ele que activa a nossa agilidade mental, e não só. Se não existir agilidade mental, a população deste concelho adormece, não posso dizer que adormece á sombra de bananeiras,pois estas árvores,são raras por cá. São mais as bananas que estão à espera que outras gentes não bananas lutem por eles no "despejo do TGV" por estas bandas. Nmita"

N.E. Não é a primeira vez nem será a última que este tipo de colaboração é aceite. De novo recordo os leitores/as que desejarem ver um texto seu publicado no ECOS E COMENTARIOS de o enviarem para a direcção mail. a_delgado@netcabo.pt

A MÚMIA DE ALCOBAÇA (JOGO)



Sobre o Jogo:

Muitos dizem que é macabro e foi inspirado no cadáver do Abade João de Ornelas, aquele a quem o povo de Turquel, Évora e Aljubarrota terão forçado D. João I a demiti-lo, POR SER UM ABADE TIRANO, NADA FAZER PELOS POVOS E ENCHER-LHE A VIDA PRESENTE E FUTURA, DE PENAS, COMO FAZIAM OS DITADORES FACHISTAS E OS LADROES DE SONHOS. Em crónicas recentes diz-se que o espírito desse tirano João de Ornelas, foi exorcizado por bruxos locais e que ao penar por aí, encarnou o corpo dum triste e pobre diabo atarantado como as pessoas que nunca tiveram rumo, E O INTERIOR DA CABEÇA É VAZIO E ESCURO. Por isso o possesso sofre do complexo de perseguição e como NÃO OUVE ou OUVE MAL é muito desconfiado ... Mas há quem diga que tudo isto é pela a acomulação de Janeiros...já não PERDA.
BOA SEMANA

quarta-feira, outubro 31, 2007

1 E 2 DE NOVEMBRO

Desde os alvores da humanidade, o ser humano construiu à volta do fenómeno da morte, uma enorme trama de suposições que a converteram em tabu. É a partir delas que o seu poder se revela e nenhum é tão avassalador e omnipresente como o da morte. Esta consciência está em nós, vive à nossa volta Todos temos presente que tarde ou cedo, de uma forma ou de outra temos de morrer; as únicas questões são saber o dia e hora. Prisioneiros entre esta realidade e o desejo de obter a imortalidade encontramo-nos num terreno propício à angústia, ao desespero e à solidão e, ao mesmo tempo, num espaço privilegiado onde as raízes das religiões, crenças e superstições se formam e alimentam para explicar tudo. No entanto a morte nunca deixou de ser um fenómeno biológico, como o nascimento, a puberdade ou o envelhecimento. Mesmo assim, criaram-se vários modos de considerá-la e lidar com ela, revelando-nos que os nossos arreigados costumes não nos vêm dados pela natureza e que podíamos mudá-los se quiséssemos.

A morte proporcionou a criação de linguagens próprias, gerando cada uma delas valores e comportamentos que estruturam muitas das nossas representações mas sobretudo na forma como vemos a vida. Se a secularização da sociedade relegou a morte para um plano secundário, a estetização do mundo contemporâneo, ligado à expansão das indústrias dos audiovisuais, mediáticas e à iconização exaustiva do mundo, fizeram dela um espectáculo constante onde é apresentada em todas as variantes, individuais, colectivas e violentas. Nela a guerra, a saúde, a ética continuam a ser marcantes tal como no passado. Reflectir sobre a morte continua, na sociedade actual, a ser um rico filão em termos de significados, e em temos estéticos. Porque ao contrário dos animais para quem a morte é uma circunstância natural e cujo cadáver se transforma em coisa, para o ser humano a morte é um problema, um drama estranho e difícil: o seu corpo deixa de ser algo vivo mas não se transforma em coisa. Ainda por cima e até hoje, nenhuma filosofia conseguiu libertar a humanidade dos temores da morte. Nem a crença no Além, nem a recompensa da fama, nem a prolongamento do falecido nos seus filhos são ou foram um consolo suficiente para o momento final.

Considerada como a nossa primeira experiência metafísica, a morte foi ao mesmo tempo estética e religiosa pelo enigma que terá representado aos olhos dos nossos primeiros antepassados, o “espectáculo” da transformação de um ser em “gelatina anónima”. O surgimento da arte ou da imagem está associada à morte. E nas sepulturas serviu como meio tranquilizador para enfrentar o medo ao vazio e ao estado de impessoalidade ou de nada em que se transforma o ser com a morte. Servindo ainda como meio de representação e de comunicação entre o visível e o invisível, entre o temido e o tranquilizador. Cumprindo uma função mediadora e de contacto entre duas realidades opostas: unir presentes ao ausente.

A sociedade tecnológica em que vivemos não sabe que fazer com os mortos; enquanto nas aldeias ainda existe alguma convivência com eles; nas cidades o morto evita-se e a morte burocratizou-se. Ela é espelho da vivência urbana. Numa sociedade que se move à volta de uma organização socioeconómica, onde os únicos valores são o êxito, a produção e o lucro, o culto da morte não tem razão de existir. Mesmo assim um enorme “complot” foi estruturado para a sobrevivência do tabu onde até a Igreja entra nesta macabra cadência, ao substituir o nome de Extrema Unção pelo de Santa Unção como em tempos não muito pretéritos. Da boa morte passou-se à morte bela, e da secularização aos secularismos invasores; é o desafecto total à religião. O Além vai perdendo espaço em favor do Aquém mas paradoxalmente em cada 1 de Novembro os cemitérios enchem-se de flores como símbolo deste culto.
António Delgado In Jornal de Leiria. Edição de 1 de Novembro de 2007 e ver António Delgado in " Estetica de la muerte en Portugal"

PS. Aconselho uma excelente postagem do Jorge Casal , cujo tema é associada ao dia de Todos os Santos.

segunda-feira, outubro 29, 2007

"QUEM NÃO CONFIA NÃO É DE CONFIANÇA" ditado popular

Estatísticas: Portugueses são dos povos mais desconfiados e menos cívicos do Ocidente


25 de Outubro de 2007, 06:30
Por Sérgio Soares, da agência Lusa
Lisboa, 25 Out (Lusa) - Os portugueses são o povo mais desconfiado da Europa Ocidental e ocupam a 25ª posição entre 26 países num estudo da OCDE destinado a medir a amplitude da desconfiança e falta de civismo dos diferentes povos recenseados.
Os estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da "World Values Survey", citados no novo livro "A Sociedade da Desconfiança, por dois economistas franceses do Centro para a Pesquisa Económica e suas Aplicações (CEPREMAP), demonstram que esta "ausência de confiança generalizada nos outros e nas instituições é mensurável e afecta a economia e a sociedade em geral" em todos os países avaliados.
Os portugueses são, em média, os europeus mais desconfiados, à frente dos franceses (24º lugar) e da maioria dos outros povos desenvolvidos, de acordo com uma outra sondagem realizada entre 1990 e 2000 pela «World Values Survey» que inclui os países membros da OCDE, nomeadamente EUA, Japão, Austrália e Canadá. No último lugar, imediatamente depois de Portugal, apenas os turcos conseguem ser ainda mais desconfiados.
Em resposta à pergunta "Regra geral, pensa que é possível confiar nos outros ou acha que a desconfiança nunca é suficiente?", os portugueses ficaram no último lugar, com menos de 18 por cento a responderem afirmativamente. Os franceses situam-se imediatamente a seguir em termos de desconfiança média relativamente aos demais e às instituições.
No outro extremo, 66 por cento dos suecos e 60 por cento dos dinamarqueses admitem por regra confiar nas outras pessoas e nas suas instituições.
Numa comparação entre pessoas com o mesmo nível escolar, sexo, situação familiar, religião e orientação política, face aos noruegueses que ocupam o primeiro lugar relativo aos que mais confiam, os portugueses só ficam à frente da França, Hungria, Turquia e Grécia.
O economista e professor universitário Mira Amaral disse à agência Lusa "não ter ficado surpreendido" com estas estatísticas. Para o antigo ministro da Indústria do primeiro governo de Aníbal Cavaco Silva, a desconfiança "afecta, obviamente, a economia" e indicia incapacidade das pessoas para trabalharem com outras em rede.
"A desconfiança mostra que não acreditamos nas outras pessoas e no País, e quando uma pessoa não confia no seu país não investe", sublinhou, acrescentando que os portugueses "são pouco liberais e muito estatistas".
Opinião semelhante tem o economista António Nogueira Leite para quem "a desconfiança social afecta, sem dúvida nenhuma, a competitividade" ao criar entropias que complicam as relações económicas e por implicarem o "falhanço de alternativas" válidas.
"É um indicador importante", afirmou, referindo-se às estatísticas recolhidas nestes estudos.
O também economista e professor universitário João César das Neves, embora só concorde em termos gerais, afirma-se "surpreendido" com a colocação de Portugal porque, apesar dos portugueses serem um "povo muito desconfiado há pior na Europa".
Graças aos franceses que, em regra, se situam nos estudos citados quase sempre pior colocados, os portugueses são os menos cívicos e apenas ultrapassados por mexicanos e franceses, ocupando também a terceira posição entre os povos que acham legítimo receber apoios estatais indevidos (baixas por doença, subsídios de desemprego etc.), adquirir bens roubados (14º lugar para os portugueses contra 20º lugar dos franceses) ou aceitar luvas no exercício das suas funções (12º lugar para os portugueses e 21º lugar para os franceses).
Para Mira Amaral, estas estatísticas tornam evidente também o problema do Estado providência que não suporta indefinidamente os abusos de pessoas sem escrúpulos que recebem apoios sociais indevidos através de métodos fraudulentos, por exemplo para conseguirem baixas médicas.
"Este comportamento não é atávico" nos portugueses, no sentido de que não possa ser remediado, mas é "uma grande pecha", afirma.
A maioria dos inquiridos nos estudos da OCDE e no livro diz, contudo, condenar a falta de civismo, qualquer que seja o país considerado. No entanto, os habitantes dos países nórdicos e anglo-saxónicos são maioritários em relação aos do Mediterrâneo ao considerarem que tais actos nunca se justificam.
Os autores dos diferentes estudos chegam à conclusão que a falta de civismo é transversal a todas as sociedades e não apenas às pessoas com menor nível escolar.
De acordo com o comportamento registado entre os diplomatas de 146 países nas Nações Unidas e nos consulados em Nova Iorque, no que respeita ao cumprimento das regras de trânsito, constata-se que entre 1997 e 2005 os diplomatas portugueses foram os que mais infracções cometeram mas beneficiando de imunidade, entre os ocidentais (68º lugar), bastante pior situados do que os espanhóis (52º) e só à frente dos franceses (78º).
Na longa lista de estatísticas sobre comportamento, o das empresas portuguesas no estrangeiro são as que menos envergonham ao situarem-se a meio da tabela, no 15º lugar, entre as que menos tentativas fazem para corromper nos mercados onde se instalam.
Segue-se uma lista decrescente integrada pela França, Espanha, EUA, Bélgica, Holanda, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Áustria, Austrália, Suécia e Suiça.
As empresas que mais tentativas de corrupção fazem são as da Índia, China, Rússia, Turquia, Taiwan, Malásia, África do Sul, Brasil, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Itália, Israel, Hong Kong, e México.
Para quase 20 por cento dos portugueses e franceses "para se chegar ao topo, é necessário ser corrupto".
Neste aspecto, Mira Amaral faz questão de explicar que existem duas motivações. Uma assente na inveja dos que não suportam ver alguém triunfar e outra dimensão baseada na convicção justificada do povo de que a classe política, através de esquemas, promoções e "amiguismo", consegue obter mais privilégios do que os devidos.
"A promiscuidade entre grupos económicos e políticos leva as pessoas a terem alguma razão nessa sua desconfiança", constata Mira Amaral.
"Hoje em dia, não se é premiado por se ter tido uma boa carreira mas por amiguismo", sublinha o antigo governante que confirma ter constatado inúmeras vezes este fenómeno e o ter sofrido na pele.
O antigo ministro reconhece que "há um grande tráfico de influências e de amiguismo" que favorece indevidamente os círculos que disso beneficiam.
Belgas, franceses, italianos e portugueses são os povos europeus que menos confiam na sua administração da justiça, contra os dinamarqueses que ocupam o 1º lugar entre os que mais confiança depositam no respectivo sistema judicial.
Curiosamente, os portugueses são dos que mais confiam no seu parlamento (9º lugar), apenas atrás da Suíça, Espanha, Áustria, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Holanda e Noruega, e ocupam paradoxalmente o mesmo lugar no "ranking" dos que mais confiam nos sindicatos, apesar das elevadas taxas de desvinculação sindical.
Os mexicanos, seguidos dos turcos, checos, gregos e franceses são os que declaram não ter "nenhuma confiança" nos respectivos parlamentos.
No seu livro "A Sociedade da Desconfiança", Yann Algan e Pierre Cahuc consideram que a origem da desconfiança se baseia no corporativismo e no estatismo. Essa mistura criou em vários países um "círculo vicioso de desconfiança e de disfunções do modelo económico e social", liquidando a bandeira do universalismo que alguns povos gostam de apresentar.
O estudo dos dois economistas franceses revela que, se não existisse uma desconfiança tão elevada em relação às outras pessoas e às instituições (governo, parlamento, sindicatos), em média por habitante, os portugueses teriam aumentado em 18 por cento os seus rendimentos médios entre os anos 2000 e 2003 com efeitos idênticos sobre o PIB.
João César das Neves considera que a desconfiança é "sem dúvida" um elemento importante para a dinâmica económica mas que ela é, antes de mais, uma "terrível influência para a vida social e o equilíbrio pessoal e familiar". Para este economista, o efeito sobre o crescimento ainda é o menos importante.
Os autores do estudo dizem relativamente à França, citando os principais líderes políticos, entre os quais Francois Bayrou, que o país vive a "mais grave crise da sua história recente, e que esta é uma crise de confiança" nas instituições e nos diferentes órgãos do Estado.
Mira Amaral concorda e considera que, "genericamente, as estatísticas apresentadas também estão de acordo com as características dos portugueses como povo".
João César das Neves acha que esse elemento é importante mas secundário, sublinhando mais o facto de vivermos numa época de transição social, com enorme transformação das instituições, hábitos e costumes e a consequente crise cultural, que é particularmente visível na Europa.
"Além disso, a tradicional tendência portuguesa para a violação das regras também tem efeitos, junto com a má qualidade da classe política", destaca.
Pouco optimista, afirma que a desconfiança tem flutuado ligeiramente com as crises económicas e políticas. "Estamos hoje melhor que há três anos, mas pior que há dez. Mas trata-se de pequenas alterações à volta de um nível baixo", conclui.
O velho ditado com "um olho no burro e outro no cigano" parece continuar a guiar o comportamento quotidiano dos portugueses.
SRS.
Lusa/fim
( http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/EVfkRu9tdosxOzbGTJ7O1w.html)

domingo, outubro 21, 2007

"CLICHES" DA NOSSA REPÚBLICA

( legenda do cartaz: DESPERTEM CHEIRA A FACHISMO)

A vida politica portuguesa vai dando sérios sinais de perturbação, em termos de liberdades. Agora é o PGR quem afirma ter duvidas se o seu telefone não esta em escuta e a Ordem dos Advogados já reagiu. Estas afirmações não passariam de curiosidade se em paralelo não estivessem acompanhadas com outras relidades que em meu parecer são extremecedoras e parecem ultrapassar a razoabilidade num Estado Democrático .


De um bom amigo recebi este mail que reproduzo com a sua devida autorização.


"Gostava de ter visto a cara do (ainda) ministro Santos Silva ao ter que ouvir esta dedicatória do jornalista precário João Pacheco, feita com grande coragem e dignidade, que (ainda) não foi alvo de qualquer queixa judicial ou alvo de processo disciplinar.
O “precariado” é a nova classe de trabalhadores criada pelos governos que se alternam e eternizam no poder PS-PSD/CDS, tal como o protagonizaram no estertor da monarquia e no advento da República, os então Partidos Democrático e Regenerador.
A prática política deste sistema alternante cavou “masmorras” aos mais pobres face aos mais ricos, diz o INE.
Neste indicador e em índices de pobreza somos infelizmente os primeiros na Europa.
Uma vergonha que nos envergonha e responsabiliza a todos, enquanto cidadãos.
O escândalo da distribuição da riqueza e o índice de pobreza no nosso País são uma vergonha nacional. E um ultraje à República
".




No passado dia 25 de Setembro, decorreu no Convento do Carmo, em Lisboa, a entrega dos Prémios Gazeta, do Clube de Jornalistas. Nesta cerimónia, presidida pelo Presidente da República, João Pacheco foi um dos premiados, tendo proferido um discurso que louvamos
e que é apresentado de seguida.

"Obrigado. Obrigado à minha família. Obrigado aos jornalistas Alexandra Lucas Coelho, David Lopes Ramos, Dulce Neto e Rosa Ruela. Obrigado a quem já conhece "O almoço ilegal está na mesa", "A caça à pedra maneirinha" e "Guardadores de sementes".

Parabéns aos repórteres fotográficos Nuno Ferreira Santos e Rui Gaudêncio, Co-autores das três reportagens, com quem vou partilhar o prémio monetário. Parabéns também ao Jacinto Godinho, ao Manuel António Pina e à «Mais Alentejo», que me deixam ainda mais orgulhoso por estar aqui hoje.

Como trabalhador precário que sou, deu-me um gozo especial receber o prémio Gazeta Revelação 2006, do Clube dos Jornalistas. A minha
parte do dinheiro servirá para pagar dívidas à Segurança Social. Parece-me que é um fim nobre.

Não sei se é costume dedicar-se este tipo de prémios a alguém, mas vou dedicá-lo: A todos os jornalistas precários.

Passado um ano da publicação destas reportagens, após quase três anos de trabalho como jornalista, continuo a não ter qualquer contrato. Não tenho rendimento fixo, nem direito a férias, nem protecção na doença nem quaisquer direitos caso venha a ter filhos.

Se a minha situação fosse uma excepção, não seria grave. Mas como é generalizada - no jornalismo e em quase todas as áreas profissionais - o que está em causa é a democracia.
E no caso específico do jornalismo, está em risco a liberdade de imprensa.

Obrigado, João Pacheco"




Todo o comentário educado e bem disposto é muito bem vindo.

quinta-feira, outubro 18, 2007

REFLEXÃO


O prazer é uma canção de liberdade, não é a liberdade.
É o florescer de vossos desejos, mas não o seu fruto.
É uma chamada da profundidade para a altura, mas não é o profundo nem o alto.
É o enjaulado que experimenta as asas, mas não é o espaço confinado.
Ai! Em verdade verdadeira, o prazer é uma canção de liberdade.
E eu desejaria, que a cantásseis com plenitude de coração, mas que não perdêsseis o coração no canto.
Khalil Gibrán in Obras selectas. Edicomunicación,s.a. 1999

segunda-feira, outubro 15, 2007

CURIOSIDADE DE SÁBADO


Este fim-de-semana, os jornais portugueses continuaram a dar atenção à eleição de Luís Filipe Meneses, para secretário geral do PSD. Retive o artigo de Vasco Pulido Valente, no Público, de sábado e dele reproduzo um excerto:

Ninguém sabe, ou se atreve a prever (...) o que vai sair do congresso (...) um ponto parece mais do que adquirido: PSD de Menezes não irá chamar ou depender das “luminárias” da academia ou dos “negócios”, sem experiência ou convicções (excepto a do seu direito de governar) e sem sombra de currículo partidário. Para bem ou para mal ( há quem ache que para muito mal), O PSD ficará nas mãos de uma personagem do “pós-cavaquismo”: o operador politico profissional, criado no aparelho, educado nas guerras labirínticas do poder local e pouco inclinado ao sentimento de reverencia. Nem Sócrates nem Cavaco irão ter uma vida tranquila.”

Passeando pelo semanário o Sol, vi , na página 4 o titulo “ Menezes ao ataque” e no canto inferior direito, uma caixa de cor “amarelada”, com uma noticia, cujo o titulo era “ PS e Governo Preocupados”. Transcrevo também um excerto mas com incidência nas afirmações de Manuel Alegre:

“ Elogiando a vitória de Luís Filipe Menezes como “saudável do ponto de vista democrático”, Manuel Alegre considera que é “um sinal” e “ exprime uma vontade de mudança no país a que o governo deve de estar atento”. Em declarações ao Sol, o ex- candidato presidencial vê na reviravolta interna do PSD “ uma vontade de mudança que vem de fora para dentro”. “ O PS devia de perceber que aquela mudança um estado de espírito que não é só interno, não é só do PSD”, avisa. Alegre deixa um conselho a José Sócrates. “ Eu não subestimaria o dr. Menezes. O dr. Mário Soares subestimou Cavaco Silva, em 1985, quando ganhou na Figueira da Foz, e depois enganou-se”. No governo, as preocupações de Alegre são partilhadas por quase todos”.

Estas observações oriundas de duas pessoas tão diferentes e ao que parece, desavindas uma com a outra, estranharam-me pela semelhança nas conclusões e fiquei a pensar...

... depois de tanta gente denegrir Luis Filipe Menezes, dar-se-á o caso de ele vir mesmo animar a vida politica ?

Boa Semana

segunda-feira, outubro 08, 2007

OS MONGES E AS MONJAS REGRESSAM A ALCOBAÇA


S. Bernardo e a Virgem. Pintura de autoria de Josefa de Ayala (Óbidos), aproximadamente 1660 -1670
pintura a Óleo sobre tela

"Esta boa pintura da maturidade Joséfiana, procedente acaso do Mosteiro de Alcobaça, para onde se sabe que a artista trabalhou, representa a nossa senhora, coroada, com o menino no regaço, ampla capa azul celeste segura nas abas dois anjinhos alados, espremendo o seio direito e aleitando S. Bernardo, que em actitude de veneração ocupa a metade inferior esquerda da composição. " in Josefa de Óbidos e o Tempo Barroco. Catálogo de Exposição. Ministério da Cultura



Foi você que pediu o regresso dos Monges de Císter a Alcobaça?


Juro que alguém se lembrou de pedir encarecida e humildemente ao Senhor Presidente da Câmara que intercedesse, possivelmente, junto do papa e da ordem de Cister para que os monges regressem a Alcobaça (noticia do jornal Alcoa e com eco no Blog Do Portugal Profundo) . Dito e feito. Já chegaram. Aqui estão os novos monges a beber da tradição medieval...




Rico filão. Farta mama, a tradição. A satisfação dos novos monges é a prova de que os alcobacenses, com o Dr. Sapinho, podem viver de arcaísmos parolos e de mitologias labregas.

ANTONIO ARNAUT RECEBE PRÉMIO CORINO DE ANDRADE



António Arnaut um dos fundares do PS, socialistas e republicano convicto, um homem que preza e ama a liberdade além de cultivar o humanismo. No sábado (6/10/2007) deu uma entrevista ao Diário de Noticias, motivada pelo prémio Corino de Andrade com o qual foi recentemente agraciado. Exponho três respostas a igual número de perguntas que exercerem sobre mim admiração e às quais faço uma vénia. O entrevistador João Fonseca e perguntou-lhe o seguinte:

Deixou a advocacia e tem vindo a dedicar-se à escrita, mas a justiça em Portugal também o preocupa?

Preocupa-me sobretudo uma certa irresponsabilidade e laxismo de todos os agentes judiciários (juízes, Ministério Público, advogados e funcionários), que não compreendem que a justiça é a pedra axial de um Estado de direito. Preocupa-me a demora excessiva na resolução de pleitos, que, por vezes, resulta da irresponsabilidade daqueles agentes. Se a justiça não é administrada em tempo útil deixa de o ser. É um mal antigo, mas nunca atingiu proporções como agora.

Justiça e Saúde estão doentes?

Ambas padecem de males profundos, mas o sistema de justiça sofre de doenças mais graves

Está desencantado com Governo?

O Comportamento do Governo socialista não está a cumprir a sua responsabilidade histórica.
in DN. 6.10.2007 (contra capa).

Sendo a justiça uma pedra basilar na organização e formação de um Estado, como pode este funcionar, quando ela não é aplicada? Como pode um país evoluir economicamente se a justiça não funciona e não dá garantias aos inversores? Como se sentirá um cidadão num Estado onde a justiça só está ao serviço das oligarquias?

A caricatura da Justiça foi retirada do blog amigo o ZÉ POVINHO ...espero que me perdoe!

A TODOS E TODAS DESEJOS DE UMA EXCELENTE SEMANA.

quarta-feira, outubro 03, 2007

ACESSOS A W.C.s PÚBLICOS.



Em Julho vimos como o Chichi e Obrar estavam associados ao desenvolvimento local e como Alcobaça se mantinha na linha da frente em termos turísticos, devido à sua peculiar forma de receber forasteiros, que alguns designavam-nos mesmo por talibãs. Voltamos às políticas do chichi e do obrar, para ver o percurso, marcado a azul e que terá de fazer quem tenha necessidades fisiológicas, desde as escadarias do mosteiro aos WC públicos. Os vídeos mostram parte das barreiras arquitectónicas ao longo do trajecto, num percurso mais parecido a uma prova de perícia física igual às dos concursos da TV. Só depois de estas serem exercitadas num espaço compreendido entre, 50 a 70 m, o cidadão poderá aceder ao local onde irá encontrar o tão almejado sítio para o seu alívio.

Um percurso de mais ou menos 50 a 70 metros em linha recta e a céu aberto. Imaginem igualmente o mesmo trajecto para pessoas com handicaps (idosos, deficientes motores, cegos, pessoas em cadeiras de rodas, mães com carrinhos de bebés).

Pela concepção das obras estas parecem querer dizer: “se as pessoas têm handicaps, o problema é delas, não os tenham e quem tem dificuldades que fique em casa. Os idosos devem é de estar sentadinhos e sossegados a verem televisão. Aí, sim, estarão bem. A rua é para pessoas de corpos Danone e não para pessoas com problemas físicos. Onde se viu pessoas em cadeiras de rodas, cegos ou outros deficientes andarem por aí a passear? Alcobaça terra de espírito fradesco - alguns querem que os frades voltem - só não querem é pessoas com handicaps. XÔ fora daqui esta terra é cristã só aceitamos os perfeitos, apesar de haver envelhecimento da população !”. Esta será talvez a mensagem que se pode extrair das deficiências que esta obra tem e que parece ser o retrato fiel de muita gente nesta terra. O retrato de um arquitecto que projectou a obra e do presidente da Câmara que aprovou semelhante concepção. Infringindo as leis do direito urbano em pontos tão elementares, como negar o acesso aos cidadãos de usufruírem de pleno direito em termos de igualdade o espaço público. MAIS UM EXCELENTE CARTAZ PARA ALCOBAÇA, de como ela é pensada com primor.




segunda-feira, setembro 24, 2007

CITAÇÃO E EVENTOS

Os que fazem muito barulho quando vivem repousam depois da sua morte em tanto silêncio como os que não o fizeram”.


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transcrevo nesta postagem igualmente este mail que recebi.


"Solicitado por um amigo pequeno de idade e grande de coração, peço-vos que divulguem esta iniciativa de sensibilização, promovida pela Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama. A todos, um abraço e obrigado. Vamos correr com sentido... http://citizenmary.blogspot.com/2007/09/correr-com-sentido.html

Maria "
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Do Blog amigo Momentos & Documentos extraí a informação que se segue e onde pode ser consultada com mais detalhe.
TRIBUTO A CHE GUEVARA

No dia 13 de Outubro 2007, Movimentum - Arte e Cultura em colaboração com o Grupo Dramático e Musical Flor de Infesta, apresenta ” Uma Noite com… Che Guevara”, com a participação de Albino Santos, Carlos Andrade, Fernando Fernandes, Fernando Peixoto, Maria Mamede e Roberto Merino .
Che Guevara merece que o Anfiteatro do G. D. M. Flor de Infesta esteja cheio de pessoas que mostrem à queles que o assassinaram, que CHE está bem vivo na nossa memória Colectiva.
“A estrela de teu boné brilha mais forte, a força de teus olhos guia gerações pelas lutas da justiça, teu semblante sereno e firme inspira confiança aos que combatem pela liberdade “.- Frei Betto (antropólogo, filósofo, jornalista e escritor brasileiro).
Contamos com a vossa presença e o vosso empenhamento na divulgação deste evento.