Por vezes imagino os lugares cheio de espíritos que no silêncio dos caminhos e por detrás das árvores nos olham e espreitam para nos atemorizar. As suas vozes murmuram em cada brisa e conspiram nas sombras das árvores e da vegetação por quase todas as sendas ermas. São sons e vozes que não entendemos mas ensombram quem ousa entrar no seu domínio. Ai vivem invisíveis, como as cidades de Italo Calvino, abandonados pelos corpos cuja luz existe perdida no espaço igual à das estrelas extintas há milhões de anos e vista em noites de luar. Cada corpo de pessoa que desaparece é uma estrela nova que surge no firmamento diz um conto... Talvez, um dia possamos ver a luz que vaguei desses corpos, perdida algures, e recuperar a sua história quando a física o permitir. A Senhora que vos mostro neste vídeo, bem como as histórias que narra e vividas por ela podem representar a memória de muitas mulheres e de muitos lugares e os dramas que neles se viveram e vivem no corpo e alma das mulheres. Mas, as histórias aqui contadas podem ser também representativas do desempenho do papel da mulher nas sociedades rurais. Histórias por vezes dramáticas vividas no silêncio que tudo devora até a memória da nossa existência...algum dia. Depois, também nós transformados nesses mesmos espíritos e talvez, aqueles que nos substituam, ao passear pelos mesmos lugares poderão sentir ou ouvir, tal como Moisés na Montanha uma voz , trazida pela brisa, dizer: “tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa” (Ex. 3.5).
-Voltarei a visitá-la... tal como lhe prometi!